Às vezes eu gosto de pegar o histórico/arquivo de stories e postagens do instagram e voltar lá pra quando fiz a conta (ou quando surgiram os stories) e ficar analisando como tava minha vida naquela época. Infelizmente eu sou muito boca de sacola, ou me conheço bem o suficiente, pra entender certinho qualé que era que tava rolando com uma postagem ou outra.
É tipo um diário digital de fácil/rápido acesso. Eu arquivei mais de mil fotos do feed porque já não me faz sentido ter aquilo ali exposto, afinal minha primeira postagem foi em 2012 se não me engano. Tenho sempre algumas impressões quando faço esse exercício.
Primeiro eu olho e penso: puts eu nem sou mais essa pessoa. Ou que as coisas que vejo ali nem condiziam com a pessoa que eu achava que era num geral. E claro, porque estou olhando pra natália de ontem com os olhos da natália de hoje. Óbvio que já não sou a mesma pessoa. Às vezes eu sinto vergonha, mas tento ser gentil com essa minha versão do passado. Outros momentos tenho vontade de pegar pelo ombro e chacoalhar e gritar na minha cara: VAMO MINHA FILHA ACORDA PRA VIDA, faz X coisa que já passou da hora!!!!! Mas o famoso, fiz quando deu pra fazer… no meu tempo.
Segundo: o tempo. Olhar aquele calendariozinho de stories mostra que, caralho, o tempo passa rápido demais. Enquanto a gente vive o presente, tudo parece eterno, interminável… até não ser mais. Vejo épocas da minha vida em que a desesperança era enorme e parecia não existir outras opções pra mim. Até que existiram e aqui estou. Quanto passou num rolar de ícones numa tela. Os primeiros stories registrados na minha conta pessoal por exemplo são de quando eu estava me mudando pra Santo André e me despedindo, sem avisar muita gente, de Bauru. Recomeçando do zero, sozinha com 340 quilômetros de distância. E isso foi há 7 anos atrás. O que você tava fazendo sete anos atrás? Tu lembra certinho ou vale olhar seu histórico do site?
Terceiro: os sinais sempre estiveram lá. Nada como julgar algo depois de já ter passado por ele né? Enquanto estamos vivendo certas situações, algumas coisas passam batido, ou demoram pra vir a tona. Mas depois que já acabou, nos julgamos. “Deveria ter feito antes”, “deveria ter escolhido A ao invés de B”, etc etc. O que não adianta porra nenhuma porque não dá pra mudar o passado. Mas, dá pra aprender a olhar pros sinais pra usar ao nosso favor para o futuro. Às vezes eu pego umas edições antigas dessa newsletter pra ler também e vejo: caralho todos os sinais tão ali. Eu sempre tô falando, eu tô mostrando… PRA MIIIIIIIM. Não dá pra voltar e me empurrar e esfregar na minha própria cara o que estava claro. Parece clichê, mas esse é o tipo de exercício que me dá orgulho de olhar e perceber que PELO MENOS, eu aprendi. (assim espero)
Quarto: alguns problemas só existem na nossa cabeça. Fora os que existem fora dela, tem coisa que é DA GENTE COM A GENTE. Por exemplo: quantas fotos do passado olho e penso o quanto eu estava bonita, mas na época me achava horrível de feia? Ou o quanto eu era magra mas era encanadíssima com a minha barriga e odiava me olhar no espelho. Teve um show do New Found Glory, que eu fui sorteada pra conhecer a banda e tirei foto com todos e foi incrível. Postei as fotos nas redes e tal, mas anos depois deletei porque me achei a RAINHA DAS FEIAS, em TODAS elas. E aí meu pc morreu e eu perdi essas fotos desse momento incrível. E eu sei lá, só tava suada e descabelada? Que ódio de mim.
Quinto: botar a imaginação pra jogo. Olho pra certos “momentos chaves” que registrei e fico imaginando cenários do famoso “como eu estaria agora na vida se nunca tivesse feito isso?”, se escolhesse outra coisa? Enfim, as natálias do natáliaverso provavelmente fazem a mesma coisa.
Sexto: o stalk despretensioso. Vejo alguém do meu passado lá numa foto aleatória e penso: QUEM FIM LEVOU ESSE SER DE LUZ? E vou dar uma fuçadinha. Não me delongo muito, no máximo um “bom pra você” ou um “tomara que morra”, nada demais. Volto pro meu perfil e sigo o baile.
Um mix de sentimentos só passando o olho ali rapidinho nos arquivos. E você, o que sente olhando coisas do seu passado nas ruas redes? Me conta!
The Forbidden Play acompanha um pai, um filho e uma ex-amante que têm a vida assombrada pela morte trágica de uma mãe que tem o dedo enterrado no quintal e acaba voltando pra causar o caos porque não superou ter sido corna em vida. Detestei muito que troço ruim, que plot horrível, que efeitos toscos. Que personagens femininas mal escritas…
MadS um jovem tá voltando pra casa pra se arrumar pra uma festa e dá carona pra uma mulher que ele quase atropela mas coisas e muitas coisas acontecem. Caralho que filme bom, que delícia, que frenético, que loucurinha gostosa. Um dos que mais gostei desse ano. Simples & maravilhoso.
Baixio das Bestas uma jovem é explorada e abusada pelo avô, exibindo seu corpo pra outros homens. Um deles fica obcecado por ela e daí pra frente, só pra baixo. É um filme difícil e puxado sobre um Brasil que as pessoas querem fechar os olhos mas que aqui é escancarado. Me incomoda como as personagens femininas são tratadas/escritas aqui.
In the Realm of the Senses uma servente toma um chá de pica do patrão e fica obcecada em transar desenfreadamente com ele até os limites (que são todos ultrapassados). É tesão, é beleza e grosteco no sexo, é várias coisas que juntas e misturadas fazem esse filme ser maravilhoso.
The Misandrists um exército de mulheres se preparam pra um mundo sem homens até que um homem aparece e fica escondido lá no “convento”. É bem camp, tem seus momentos porque faz críticas pertinentes e outras nem tanto. Tem umas bagunças que não sei se funcionaram muito bem. Mas é um homem gay escrevendo sobre mulheres né, então….
Hustler White acompanha um escritor que está fazendo pesquisa de campo sobre homens que se prostituem, até que obceca por um deles. Nem na suruba que eu fui tinha tanto pinto quanto nesse filme. Mas estou entendendo porque o nome do Bruce é tão cotado na cena do undergound queer. É uma sátira escancarada (com partes de corpos escancarados, you’ve been warned)
Agatha All Along mães! Um acerto e um respiro na leva de mediocridade da marvel. Assim, não é lá uma obra de arte. Mas tem um elenco tão maravilhoso. E beijo sáfico! E Patti Lupone!!!!!! Adorei.
Já te falei do e-mail do futuro? Eu mantenho um e-mail que mando pra mim mesmo todo ano — por exemplo, de hoje pra 2025 — com várias categorias — emprego, romance, amizades — há OITO anos. É uma quantidade ridícula de carácteres, eu demoro 40 minutos (sem exagero) pra ler tudo. E ele mostra como a vida muda e como ela vai mudar. É, no mínimo, terapêutico.