Eu sei que existem muitas peculiaridades, detalhes, casos, momentos e situações/pessoas específicas. Entenda a generalização do meu texto e não me venha com mas nem todo homem. Se você é homem e se identificou/se sentiu ofendido, melhore.
Um homem adulto (branco/hétero/cis/padrão) não teve vergonha de dar um relato em tv aberta que sua mãe faz absolutamente tudo pra ele em casa e que o “se virar” na sua visão, será encontrar uma mulher no reality show que possa substituí-la e reproduzir todos os comportamentos da sua matriarca. Poderia ser uma piada, mas isso é tão enraizado na nossa cultura patriarcal que MUITOS homens a nossa volta não percebem que também são um pouquinho assim, mesmo que em escalas diferentes.
As mulheres tem uma parcela de culpa mas a grande maioria delas, principalmente de gerações anteriores não percebem o quão nocivo é esse comportamento na hora de criar um filho. Afinal, isso vem disfarçado de cuidado, amor, afeto, proteção. “Eu faço porque ainda posso fazer”. Como uma maneira de suavizar uma vida que sequer é tão difícil assim, quando se é banhado de privilégios do próprio machismo. (que sabemos também o quanto é prejudicial para os próprios homens)
Agora, marmanjo criado desse tamanho não pode sequer tomar as rédeas e responsabilidades de suas necessidades e cuidados básicos? “Mãe, eu sei fazer isso, não precisa!” ou até mesmo um “Mãe, eu não sei fazer isso mas vou aprender, não precisa mais fazer pra mim”. Homens são sempre vistos como garotos, meninos e por isso nunca são tratados como seres humanos responsáveis. Não é ser mimado, é uma escolha contínua de querer ser tratado como criança. Os homens adultos a partir do seu amadurecimento precisam ter a consciência de colocar limites na relação com suas mamães, mas pra eles é cômodo.
Namorei um cara que toda vez que visitávamos sua mãe, ela colocava comida no prato dele. E ele reclamava da quantidade das coisas, fazendo bico “ai mãe, não quero tudo isso de salada!”.
Meu tio bozominio, com seus 50 e muitos nas costas, ainda fazia sua mãe de 80 e poucos, cozinhar todos os dias o seu almoço. Pagar suas contas. Comprar sua roupa.
Um amigo dizia que nunca sairia da casa da mãe pois ela é quem precisava se sentir útil pra ele. Então para não contrariá-la, ele deixava ela recolher a roupa suja, chamar pra almoçar e jantar, dar o dinheiro do transporte público, arrumar a cama depois que ele acordava.
Tive uma sogra que veio reclamar pra mim que o filho dela dormia além do despertador e ela é quem tinha que acordá-lo todos os dias para que não chegasse atrasado no trabalho. E eu com isso?
Sempre rola aquela polêmica na rede de textos curtos sobre homens que ainda moram com a mãe depois dos 25. Eu entendo perfeitamente o quanto é difícil se bancar e morar sozinho num contexto sócio-econômico que temos atualmente, mas sabemos que muitos desses caras fazem isso por escolha. Os eternos bebezinhos que querem, podem e serão sustentados até o último segundo. Provavelmente até a mãe adoecer e morrer.
Um homem que não abre mão de certos privilégios pra viver de acordo com seu amadurecimento e o curso natural da vida, é um grande sinal vermelho. Principalmente se ele mesmo não vê problema em tudo isso. Não acha errado criar uma dependência eterna com essa mãe. Nem ter uma conversa com ela de falar “mãe, você já cuidou de mim enquanto eu precisava, eu já sou um homem adulto, vai viver a sua vida, faça as coisas por você que eu vou fazer por mim, assumo daqui pra frente”.
Homem assim não é mimado. É imaturo. É egoísta. Não precisa de ninguém pra cuidar dele, afinal o cuidado durante a infância e adolescência é para que os filhos se tornem seres humanos independentes e que possam lidar com a vida da sua própria maneira quando tiverem condição. Mas os marmanjos fingem não ter essa condição. Arranjam desculpas.
Assim o caminho mais fácil vira terceirizar para uma outra mulher. É mais fácil arranjar uma parceira que trabalhe, que pague as contas, faça comida, lave a roupa, limpe a casa. Só não passa papel higiênico na bunda do lindão porque aí é muita evidência contra né. Mas não precisa, porque ela vai lembrar ele de tomar banho, escovar os dentes, passar desodorante e tudo o mais que se não tiver alguém fazendo, provavelmente ela estará lá lembrando ou pedindo.
Homens se aproveitam o tempo todo de mulheres. Eles permitem a servidão da mãe e das parceiras. Permitem e estimulam, cerceiam, manipulam para que sejam e continuem assim. Deixam que suas mãe continuem os chamando de “meu bebê” e não fazem nada, afinal alguns até gostam mas não admitem.
A vida adulta é chata pra caralho. É difícil. Cheia de abrir mão de um lado pra conseguir do outro. É feita de escolhas que nem sempre são as que queremos, mas a que precisamos. Ser funcional, independente com maturidade e consciência deve ser o básico de todo e qualquer ser humano que se encontra na idade adulta. Mas homens não são socializados para enxergar mulheres como iguais e nem a si como adultos responsáveis. Maturidade em macho é pepita de ouro.
Por isso minha cara mulher (ou homem que se relaciona com homens), não seja ONG de macho. Deixa o cara se fuder. A vida é dele, o problema é dele também. Uma coisa é você ajudar e fazer uma coisa ou outra por carinho, por combinado, troca e afins. Mas não seja mãe número dois. Não seja servente. Não seja pagadora de contas. De novo: deixa se fuder e aprender sozinho. Você não tem que ser mãe, nem psicóloga, nem banco, nem empregada doméstica, NADA de macho nenhum. Amor e cuidado é outra coisa. Vá cuidar de um pet.
Homens: melhorem.
How to Have Sex mostra três adolescentes numa viagem pra pegar todo mundo, beber e se divertir. No começo eu tava irritada com tudo e depois só bateu a bad porque quem é mulher vai se identificar muito com os eventos, seja na juventude ou não. Um filme sobre consentimento e outras formas mais veladas de abuso.
Knights of the Zodiac é ruim demais. O Seiya órfão vai em busca da irmã e descobre que tem poderes mas nossa. Difícil defender mas pelo menos não colocaram um branco padrãozinho americano no papel principal.
Sharper dá o ponto de vista de vários personagens envolvidos em mentira e golpe. É divertido se você assistir despretensiosamente. Mas não precisava ser tão longo assim.
Monster acabou comigo. Uma mãe começa a investigar os motivos de seu filho começar agir estranhamente. Conforme a história caminha é mostrado o ponto de vista dela, do professor e da própria criança. Lindo, sensível, pesado.
Til Death Do Us Part é simplesmente HORRÍVEL. Uma noiva desiste do casamento já na porta da igreja e depois é caçada pelos padrinhos e tem que se virar pra sobreviver. A proposta era ter uma pegada mais ação e mesmo assim nem as coreografias te prendem. Chato. Atuações de centavos, trilha incoerente, nada funciona.
Christine é divertidíssimo como qualquer filme do John Carpenter. Um nerdola fica fissurado num carro velho e o restaura. Mas o que ele não sabia é que o carro é assassino, sempre se comunicando com músicas de rock. Maravilhoso, ícone.
The Omega Man acompanha um cientista que foi o único sobrevivente de um apocalipse por armas biológicas, injetando uma vacina em si mesmo. Alguns poucos sobreviventes infectados que só saem a noite querem sua morte. A primeira parte eu gostei muito e tem algumas cenas que me parece ter servido de base pra muitos outros filmes do gênero que vieram depois. Baita crítica e ficção.
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Tem um relato meu que é igual, mas diferente, mas igual. Acho legal compartilhar pq foi um caso de dependência e substituição só que por um outro processo:
Em um relacionamento meu, a menina foi sempre mimada e tratada como princesinha, mas ela brigava muito pra romper isso. Só que enquanto rompia e brigava com a mãe, eu percebia que eu ia tomando o lugar de quem garantia o bem estar. Era um rolê de substituição só que involuntariamente por parte dela, eu acho. Ela não percebia que enquanto ela se distanciava do mimo da mãe, eu tinha que virar o cuidador. Foi difícil também. Acho que vale destacar que só impor limites aos pais não basta, pq a pessoa pode nem estar percebendo que tá descarregando o negócio em outra pessoa. De minha parte, eu decidi que não vou mais cuidar, que eu tenho que sair dessa tendência que tenho tanto nos meus relacionamentos e nas minhas amizades de cuidar e absorver a responsabilidade pelo bem estar das pessoas para mim. Tem dado certo e minha vida melhorou bastante.