Esses dias trabalhava com uma pessoa sobre “intuição”. Num exercício ela se identificava com uma frase que dizia sobre sua intuição a cerca de perigos, era mais forte do que outras pessoas. (spoiler: é ansiedade que chama) Perguntei se ela sabia diferenciar intuição de ansiedade e me disse que não. E tudo bem, são coisas que a gente pode aprender na terapia.
Em geral eu tento ser uma pessoa do “acredito, mas não desacredito”. Cada um com sua experiência. Quando falamos do sobrenatural e afins, eu prefiro deixar isso ficar na ficção. Eu não quero saber se certas coisas existem, são verdades ou não. Gosto de ser protegida pela benção da minha ignorância nesse assunto. Mas acredito que hora ou outra passamos por situações que pelo menos, nos deixam pensativos.
Como é o mês do horror, terror, caos e destruição, trouxe hoje exemplos de “intuição” e outros pequenos horrores da vida real.
Spidersense do gorfo
Eu tenho fobia de vômito, já bem trabalhada em terapia. Mas desde criança, ver alguém passando mal na minha frente, ou vomitando, me levava ao desmaio. Não vomitava junto, só baixava minha pressão e tudo ficava escuro e eu queria o doce beijo da morte. Como jovem adolescente, queria estar presente em todos os rolês e eventos sociais. Muitos envolviam bebida álcoolica, e outros jovens que não sabiam beber. Eu não bebia, então chegava um certo ponto que o rolê já era o próprio filme de terror pra mim. Um dia de churrasco na casa do meu primo era o ápice dos nossos finais de semana. Nesse dia em específico “algo me disse” que eu não deveria ir. Eu batia cartão mas nesse dia eu resolvi ouvir e ficar em casa. Depois ouvi um relato de que muita gente passou mal e vomitou na casa dele inteira. Fica difícil descrever o tamanho do meu alívio, o livramento daquela situação traumática. Isso aconteceu mais três vezes em contextos e momentos diferentes.
Capotei na minha cama ao invés do carro
Ainda adolescente, eu gostava de um garoto feio e medíocre como quase toda menina da minha idade. Qualquer coisa que ele me chamasse pra fazer eu iria. Na época eu não era cara de pau, então sempre esperava que o interesse e iniciativa partisse do outro. Que com ele nunca aconteceu. Mas um dia, ele me chamou pra ir no cinema (com ele e os amigos que eu também conhecia) e que me daria carona. Eu já tinha assistido o filme que eles marcaram pra ver. Mesmo assim topei, vai que rolasse um clima né? Não. Chegou no dia me deu uma sensação meio ruim e mais uma vez “ai, sei lá, acho melhor não ir”. Desmarquei e fiquei em casa. Depois do filme, esse cara capotou o carro e deu perda total na estrada (do lado de casa). Tinha óleo na pista, era curva e de noite. E o motorista era menor de idade e não tinha carta. Dois se machucaram sem ser grava e um foi parar no hospital. Livrada, novamente.
Gore BlackSwan Vibes
Existem os ansiosos roedores de unha. Os que arrancam pelinha do canto dos dedos das mãos. Os arrancadores de pelinha da boca. E tem eu: que cutuco e arranco as peles do meu dedão do pé direito. Começa com uma pontinha, e eu vou puxando com a unha. Cavucando. Emendando uma pele na outra. Até formar buracos no meu dedão. Buracos ao ponto de doer quando piso o pé no chão. Chega ao ponto de sangrar. Chega ao ponto de eu descobrir só quando vou tirar a meia e tá uma poça de sangue manchando tudo. Acho que esse é o único fato que meu psicólogo não sabe sobre mim. (essa foto é ele em recuperação, até eu começar o processo todo de novo por esses “branquinhos mais escuros, o pontinho foi fonte de sangue”).
Quase um Michael Meyers da Vida Real
Sabe nos slashers (ou outros “subgêneros” do terror) onde um cara persegue uma mina ao ponto de ficar parado a distância só olhando e que você assusta ao perceber ser o alvo? Então. Tive um ex que me perseguia enquanto namorávamos. Ele aparecia na minha faculdade pra saber se eu estava mesmo na aula. Se eu ia tomar sorvete no shopping com uma amiga, ele aparecia lá pra ver se era verdade. E ele morava em outra cidade. Eu tinha medo do que ele era capaz, porque enquanto namorávamos ele tentou me bater e me est*. Então quando terminei, morria de medo de onde ele apareceria. (Tanto que terminei por MSN pois pessoalmente já tinha tentado 3 vezes e não conseguia). Entre outros detalhes que deixarei de fora por hoje (pois é uma história muito longa, complexa e cheia de absurdos e abusos diferentes), um deles foi vê-lo depois do término e sua postura Michael Meyers. Um dia descobri que ele arrumou um emprego na cantina da minha faculdade. Parei de descer nos intervalos. Outra vez estava no supermercado colocando as compras no carro da minha avó e percebi uma pessoa parada olhando na minha direção. Era ele trabalhando no mercado (nunca mais voltei). Outra vez fui num show na cidade dele. Quase no final vi ele do outro lado da rua, parado sozinho me observando. E uma última vez enquanto fazia baliza, ele passou do meu lado na calçada. Deve ter percebi que era eu pois alguns metros a frente ele parou, virou na minha direção e ficou olhando. Eu desci do carro correndo e entrei onde precisava. Enfim sempre a mesma postura, sempre o mesmo comportamento e sempre o mesmo gatilho em mim. O medo de que NAQUELA vez ele iria se mover e fazer algo. Naquela vez ele iria realmente me seguir. Ou me bater. Ou me matar. Nada nunca aconteceu mas esse foi o cara que me faz me sentir como uma final girl. Eu entendo Laurie e Sidney sobre o fato de em uma cidade do tamanho de um ovo, estar sempre com a orelha em pé. Esse é o meu killer da vida real, que mesmo me deixando viva, matou várias coisas dentro de mim. Acho que posso me dar o título de “Final Girl do Relacionamento Abusivo” (spoiler: porque esse não foi o único, mas foi o pior).
Aterrorizada por filmes que não vi
Como todo fã que se preza, também resolvi aderir ao desafio de tentar um filme de terror por dia por todo mês de outubro. Também em algum momento quero enfrentar as maiores fontes de pesadelo e terrores noturno que tive na infância: ver pela primeira vez na vida O Exorcista e Chuck o Brinquedo Assassino. Quando passavam pequenos pedaços para caber no comercial da tv aberta, de alguma forma aquilo me apavorava ao extremo. Chuck foi o grande precursor de eu odiar bonecas formato bebezão e afins, assim como palhaços, papai-noel e qualquer outra criatura do tipo imitada por um humano. Já o Exorcista pavimentou meu medo por filmes de possessão, gorfo, perda de controle. Lembrando que eu nunca assisti nenhum dos dois mas pra uma criancinha, foi o suficiente. Como eu já passei dos trinta faz um tempinho e eu me tornei fã do gênero, me parece uma HERESIA da minha parte deixar esses grandes clássicos de lado. Eu tinha feito uma promessa pra eu mesma que pelo menos O Exorcista eu queria MORRER sem ter assistido, mas tenho repensado esse fator. Como disse lá em cima, eu não sou cristã, muito menos cristã fervorosa. Sempre fui do time “melhor não mexer com quem tá quieto, fica de boa”. Será que é melhor eu manter assim? Quase dei play ontem, mas desisti kkkk
O ótimo No One Will Save You mostra uma jovem tentando sobreviver a uma ameaça alienígena que a força a encarar outras questões da sua vida. Achei inteligente e uma abordagem muito bacana e diferente sobre temas como luto, erros, julgamento e afins.
Demorei mas foi saboroso demais assistir John Wick: Chapter 4. Nem tenho muito o que falar de sinopse. Às vezes tudo o que a gente precisa é de lutas bem coreografadas, elenco de milhões dando tiro a rodo e principalmente Donnie Yen (pensando em fazer uma semana só com filmes da lenda). Plus Rina Sawayama rainha.
Pra quebrar o resto dessa lista vi Nimona, onde um cavaleiro é injustiçado por um crime que não cometeu e acaba se juntando com uma jovenzinha metamorfa pra provar sua inocência. Muito fofo, bonito e divertido. (lgbt’s tem casal homo pra vocês hein)
Aproveitando a promoção de ingressos fui conferir Saw X. Tem uns momentos legais mas senti falta de ter mais gore. Achei levinho demais, mas tudo bem, é um bom passatempo.
Em In the Earth, após um vírus que devastou o mundo, um cientista vai para uma missão fazer uma pesquisa junto com uma guia do parque em questão, e nisso coisas acontecem e toda ciência começa a ser colocada em prova. Bom (até onde eu vi) mas eu dormi e não posso opinar por completo kkkk
O remake de Cube não me pegou. Seis estranhos estão presos num labirinto eterno em formato de cubo cheio de armadilhas. Achei o plot legal do final, mas no geral meio passável. Não vi o original.
Untitled Horror Movie tentou mas não conseguiu rs. Naquela vibe filmado na pandemia, atores têm sua série cancelada e decidem filmar um novo filme de terror por conta própria, cada um na sua casa. Aí evocam uma entidade e fica chatão.
Eu queria ter gostado de Blood Fest mas achei uma bagunça que também não funciona. Fãs de filme de terror vão ao evento sobre o tema e acabam, sem saber, participando de um filme de terror de verdade. Bestinha, atuações ruins. Valeu por tentar.
Fui surpreendida por Antlers onde uma professora tenta ajudar um de seus alunos que percebe que tem algo errado e acaba descobrindo um rolê que era melhor ter deixado quieto. A lenda, a ambientação e a criatura foram bem legais. Mas poderia ter mais sangue, morte, gore e bom… lenda.
Venus começou de um jeito e terminou de outro e aí eu fiquei hmmm. Uma dançarina foge com uma mala cheia de droga e vai se esconder na casa da irmã e sua sobrinha. E aí coisas acontecem… Também esperava mais sangue, mais gore e mais… lenda. Mas vale o view.
Já a grata surpresa mesmo foi Ghostland, não dei nada mas foi uma boa jornada. Duas irmãs e sua mãe são sequestradas por duas pessoas meio creepy numa casa mais creepy ainda e coisas acontecem rs. Bem surpreendente e depois da surpresa consegue manter um bom ritmo.
Acabei a primeira temporada de Jury Duty e foi muito divertido. Num julgamento que não existe onde todos são atores, apenas uma pessoa não sabe do esquema todo de um falso documentário. Engraçadíssimo.
Gosto muito de interação por comentários e respostas diretas por email ou inbox nas redes.
Se você acompanha e gosta da Pãozinho de Capivara, considere apoiar com uma gorjeta, por aqui ou me pague um cafézinho pelo kofi!
Se me achar legal e quiser me acompanhar em outros lugares, você pode me encontrar aqui!