Um dia sonhei com o tempo. No sonho estavam todos, e tudo, num casarão. O casarão continha cômodos e mais cômodos, uns identificáveis e outros não. Possuía jardim, garagem, terraço e até fumódromo. Era noite e uma festa rolava com uma música tão plano de fundo, que não seria capaz de identificar.
Nessa festa onde tudo e todos estavam presentes, o sonho começava com eu me perdendo das minhas amigas. Saía às cegas procurando por elas. Só que primeiro de tudo encontrei um passado. Perguntei:
— Quanto tempo não te vejo. Por quê não quis ser meu presente?
— Te avisei que não queria ser futuro. Se não há futuro, não teria porque eu ser seu presente. O que aconteceu, aconteceu. Eu fiz a minha escolha e segui, não conseguiria ser nada além de passado. Enquanto isso, eu sigo.
Fui obrigada a concordar. Olhava para esse passado não mais com nostalgia ou qualquer outro sentimento que lá atrás, pudesse ser evocado. Acenei e continuei na minha busca. Meu próximo encontro foi com um borrão. Os borrões não são tão bem definidos e categorizáveis. Perguntei:
— Por quê você não é meu presente?
— Porque você já tem um presente. Você fez a sua escolha, não dá pra viver mais que um presente ao mesmo tempo.
— Você não é tão definido como o passado. É meu futuro?
— Não sei. Não tem como saber. Vai depender das suas escolhas. E das minhas também. Enquanto você vive o seu presente, viverei o meu. Vai procurar seu presente. O futuro não dá pra saber. Enquanto isso, eu sigo.
Então meu presente estava na festa também. Resolvi procurá-lo ao mesmo tempo que buscava minhas amigas. Enquanto andava sem rumo, parecia cada vez mais difícil alcançar meu presente. Tudo dependia do cômodo em que o encontrava. Em um fingia não me ver. Aqui ou lá preferia dar atenção a outras pessoas e coisas. Nunca parecia haver tempo pra mim. Nos breve momentos que nos encontrávamos, eu parecia respirar melhor. Sentia um alívio, um conforto. Apenas quando conseguíamos ficar sozinhos no cômodo. Mas durava muito pouco, outras coisas o chamavam. E eu não acompanhava.
Eu queria entender, mas não me respondia. Porém quando em descontentamento, tinha muitas coisas pra dizer. E me dava raiva. Muita raiva. Me dava raiva viver numa dicotomia com meu presente. Que é bom e é ruim ao mesmo tempo. Ao longo do sonho, tudo parecia se repetir. Eu culpava meu presente por ser repetitivo. Parecia que patinávamos. Queria que algo mudasse. Que virasse logo futuro. Mas o futuro nunca chegava.
Me cansava esperar. Me cansava procurar. Ninguém saberia me informar onde o futuro estava. Qual daqueles borrões era o meu. Até que encontrei uma das minhas amigas.
— Você sabe que não adianta. — ela me disse — Você tem que escolher. Mas escolher sem saber. Não dá pra espiar o próximo cômodo. Talvez você veja o que não queira, mas ver o futuro? Ele deve estar por aí, mas talvez nem ele saiba também.
Minha outra amiga chegou com um copo de alguma bebida para me confortar. Ela completou:
— Se você não quer que seu futuro seja igual seu presente, você tem que escolher. Se você não escolher, só basta esperar que a mudança aconteça naturalmente… Mas você não é dessas, né?
— Mas, você já foi dessas não foi? — Interviu a primeira amiga — Você também não é de desistir fácil…
A última amiga que faltava apareceu:
— Não esqueça que nem tudo está no seu controle. Você pode escolher. Pode ficar. Pode ir embora. Pode trocar de presente… e mesmo assim nem tudo pode sair do jeito que você espera. Não dá pra saber.
Lágrimas começaram a brotar dos meus olhos. Minhas amigas sabiam o quanto é difícil pra eu chorar, principalmente em público. Elas me abraçaram. Disseram que o importante era que eu também seguisse. Que mesmo que elas não concordassem sempre comigo, estariam ali. Que seguiriam ao meu lado.
Eu parei por um segundo e gritei. Era exatamente o que eu queria fazer: espiar os outros cômodos para encontrar meu futuro naquele lugar. Estava cansada de me esforçar pelo meu presente, mas parecia impossível me esforçar para encontrar um borrão que ficasse nítido de repente e me dissesse: oi eu sou o futuro, cheguei!
O não saber corrói o ansioso. Eu que sempre achei saber tanto sobre mim e minha própria vida, não tinha poderes místicos. O limbo me enlouquecia. Ali não adiantava pensar, não adiantava fazer. O presente seguia sendo ele e fazendo o dele, e eu ficava parada me preocupando.
Saí em busca de um cômodo onde pudesse ficar sozinha. Andei muito. Andei chorando. Andei quase aos berros. Encontrei meu antigo quarto, aquele onde cresci na casa da minha avó. Fechei a porta. Subi na cama e abracei meu mais antigo bichinho de pelúcia (uma porquinha chamada Fofinha). Chorei e fiquei em posição fetal, torcendo por uma resposta, por uma solução. A porta se abriu e era meu presente. Sorrio e ele diz:
— Finalmente, te procurei tanto…
Nos abraçamos e então acordo. Pronta pra mais uma segunda-feira. Pra mais uma semana.
Maggie Moore(s) acompanha um policial que precisa investigar dois assassinatos de duas mulheres com o mesmo nome e sobrenome. Tem uma pegada meio Fargo, mas o que me fez assistir foi a dupla Jon Hamm&Tina Fey. É divertido.
Estava curiosíssima pra The Medium e gostei bastante. É um fakedocumentário acompanhando a família de uma médium na Tailândia, quando de repente uma parente é possuída por uma entidade. Bom e surpreendente. Tem seus clichês e dá uma caída da metade pro final, mas vale muito ver!
Em Cobweb, um garoto começa ouvir uma voz pela parede dizendo ser sua irmã e que seus pais são pessoas ruins. No começo parecia ter potencial mas o final me broxou. Palmas para Anthony Starr mais uma vez fazendo um papel aterrorizante sem precisar de muito.
Entrei em depressão profunda com Past Lives. Dois melhores amigos (crushs) de infância são afastados com a imigração de Nora, e vinte anos depois se reúnem e começam a pensar sobre amor e destino. Sensível e delicado, não precisa aprofundar muito pra tocar exatamente onde dói. Amei.
Descobri que sempre que precisar de algo leve e gostosinho pra assistir, posso recorrer aos filmes da Nicole Holofcener. Em You Hurt My Feelings, uma escritora descobre que seu marido psicólogo não gostou de verdade de seu novo livro. Filme bem legal sobre padrões, honestidade e encorajamento de quem a gente ama.
Fui dar uma chance pra You’re Killing me e foi difícil. Duas adolescentes vão pra uma festa, pra uma delas tentar conseguir uma carta de recomendação pra ingressar numa faculdade de elite mas aí coisas acontecem e tals e nada funciona direito nessa história. Fraquinho demais.
Fiquei bem satisfeita com a primeira temporada de From e a série é um prato cheio pra quem gosta de ficção e mistérios. Também tem um quêzinho de terror. Pronta pra próxima!
E também acabei a primeira temporada de Mayfair Witches e que bomba né amigos. Anne Rice deve estar se revirando onde quer que esteja. Mas continuarei dando view pra essa farofada pois cadelinha das obras da gata.
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