Comecei esse texto algumas vezes e todas elas me deu uma sensação de “tá errado, começa de novo”. Fiz reflexão, puxei meu histórico, fui longe antes de realmente ir a algum lugar e voltei e pensei: vou simplificar.
Comprei essa viagem (passagem ida+volta+hospedagens) para a Colômbia (Cartagena+San Andrés) em 2021 por um daqueles pacotes do Hotel Urbano (não recomendo). Como um outro pacote que comprei antes foi cancelado quase em cima da hora, não botei muita fé nesse, mas deu certo.
No dia que comprei o câmbio e o seguro viagem, o hurb cancelou minhas hospedagens. Tive vontade de enfiar o dedo no c* e rasgar de ódio, mas fiz comparativos e contas, e pagar “separado” pelo airbnb sairia bem em conta, no lucro inclusive.
Quarta, dia 30 pisei pela primeira vez num aeroporto. Tudo muito grande, bonito e bem iluminado. Pessoas andando pra lá e pra cá com suas malas de rodinha, terninho. Achei chique. Comprei um salgado assado pra forrar o estômago e paguei 17 reais. Não achei mais chique.
Nunca tinha andado de avião e achei super desconfortável. É como se fosse um busão de Expresso de Prata ou Reunidas Paulista pra Bauru, só que no céu pra mais longe. É muito apertado, gente demais. Não tem posição boa pra coluna. Muito tempo sentada. Mas o lanchinho é ok.
Chegando em Bogotá, deveríamos esperar 9 horas até o voo de conexão. O golpe começou quando entramos na sessão de voos nacionais. Um cara veio agilizando a gente pra orientar onde tínhamos que ir. Senti o cheiro do golpe, mas foi tudo tão de repente que achei que era funcionário do aeroporto. Era golpe mesmo. O cara diz que tá te dando informação e te ajudando e que esse é o trabalho dele, pede dinheiro por ter te ajudado. Além de não ajudar ele queria o dobro do que eu tinha dado. Mas eu sou BR e sei dizer não.
Tirando isso, fiz um cartão masterblaster pra aprender a juntar milhas e pegar a famosa SALA VIP pra poder esperar com conforto. Mas eu esqueci do detalhe que sala vip é pra viagem INTERNACIONAL. E voo de conexão dentro do país é viagem NACIONAL (pra eles, pq pra mim ainda era internacional). Tive que dormir no chão do lado de uma tomada com frio de 9 graus. Claro que minha sinusite atacou.
Em Cartagena o hotel era bem próximo do aeroporto, mas a rua era metade deserta pronta pra uma desova. O calor era de quarenta graus e nunca suei tanto na minha vida. Na cidade é buzina pra todo lado. Ninguém usa cinto de segurança, capacete, seta ou qualquer lei/organização de trânsito que exista. O c* trancou, mas o que salvou foi a existência do uber. A maior parte do que fazer está localizada no centro histórico. A grande maioria dos pontos turísticos você consegue fazer a pé e passar por eles sem pagar um centavo num guia turístico que te cobraria 200 reais só pra olhar uma estátua por 5minutos e te passar uma informação disponível no google.
Pesquisei e montei um roteiro básico pra dois dias mas também gosto do “vamo andando e onde der vontade, a gente entra”. O que eu mais queria era ar condicionado, e eu odeio ar condicionado. Fazer tudo a pé no sol escaldante do inverno colombiano foi uma provação. Não tive fome. Aliás a famosa comida típica implica em muito peixe e frutos do mar, coisas que passo longe. Mas também tinha muito prato com frango, o que me salvou.
O café colombiano é sim tudo isso, e o starbucks deles, o famoso Juan Valdez vale cada centavo. Um café pequeno é quase 300ml. Aliás tudo vem em proporções enormes. E provavelmente com batata-frita inclusa (o paraíso pra mim).
Como só tive dois dias na cidade, não deu pra conhecer tudo. Mas senti também que não tinha lá tanta coisa assim para conhecer. Não sou de passeios luxuosos então não me interessou andar de lancha, ir em balada nos terraços nem nada do tipo.
Meu lugar preferido de Cartagena foi o Terrazo Municipal. É tipo uma praça a beira de um porto com vários foodtrucks. As cadeiras e mesinhas são bem intimistas, uma coisa meio quintalzão mesmo. E de noite com luzinhas penduradas e a brisa fresquinha da água foi top.
Partindo para San Andrés, o calor tão insuportável quanto. E dessa vez, não tinha ar condicionado no quarto do hostel. Na primeira noite eu não dormi de calor e por conta do barulho dos ventiladores em potência máxima. Mas aqui a coisa dificulta um pouco.
Por ser uma ilha de 30km, não tem uber. Os taxistas todos sabem quem são os estrangeiros e metem a faca. Não queriam nos levar pro hostel por que era de “difícil" acesso (o bairro estava em reforma ASFALTANDO a rua). E o que levou cobrou o dobro. A opção foi alugar por UM dia, um carrinho de golfe pra poder ter uma opção de locomoção. Mas foi caro.
Em +/- meia hora dá pra dar uma volta na cidade (ilha) INTEIRA de carrinho. É belíssimo ver aquela água lindíssima, as paisagens, andar sem pressa e sem achar que vai morrer a qualquer minuto. Tem muita moto, o que deixou as coisas caóticas pois mais uma vez ZERO LEIS.
Aqui também por ser uma cidade praiana, as atrações principais são pequenas viagens a pequenas ilhas próximas. Que são passeios caríssimos. Foi bem difícil se planejar sem a facilidade da locomoção. Então os passeios foram: um dia de praia, andar até o mercado, sair pra comer e descansar no próprio hostel.
O hostel ou hotel era um lugar bem bacana e lindo. A dona era uma senhora muito simpática e solícita, com seus dois cãozinhos Pepe e Kiara. Também havia uma criação de iguanas que andavam soltas. Os bicho lindo, mas parece que vão pular na sua jugular a qualquer momento.
Aqui morri de calor mais do que em Cartagena.
Na volta com seis horas de espera finalmente consegui utilizar a Sala VIP e sim, outra experiência. Com sofá, comida e bebida a vontade. E paz. Mais um dia só de avião, esperar, avião e seis horas da manhã de ontem (quarta) cheguei em casa.
Resumo da ópera
A viagem foi boa e gostosa, valeu muito para uma primeira experiência. Não sou uma pessoa muito aventureira de praias, naturezas e afins. Se você é, com certeza aproveitará muito mais que eu e fará passeios diferentes. Os lugares são muito bonitos e coloridos, as histórias interessantes e dá pra ver muita semelhança com a nossa realidade histórico/cultural apesar das diferenças.
O bom do pacote é o preço, o ruim do pacote é que você não escolhe quantos dias ficar em cada lugar ou pra exatamente qual lugar você vai. Nem quando vai. Se eu pudesse escolher passaria dois dias a menos em San Andrés e um dia a mais em Cartagena.
O calor fora da curva fez com que eu me cansasse além, muito mais rápido. Andei muito e andei bem apesar do meu peso e falta de academia. Mas o calor definitivamente reflete. Comprei BLOQUEADOR solar e me queimei. Levei boné mas na praia, queimei também. Não consegui usar um batonzinho sequer em dia nenhum porque SEM CONDIÇÕES. É lugar pra roupa confortável.
Tudo é muito barato, principalmente comer. O peso colombiano é uma moeda que pra quem não tá podendo pagar em dólar/euro/libra, vale o gasto. As porções de tudo são grandes. As coisas caras são as propositalmente feitas pra tirar dinheiro de gringo trouxa. Como sobrou grana do que me planejei, gastei em pacotes imensos de chocolate kinder no duty free.
Todo mundo sabe que você é gringo. E isso é usado contra você. Cobram um preço absurdo pra coisas básicas (como transporte e cadeira pra sentar na praia) então melhor buscar o que já é tabelado ou fazer certas coisas por conta. Saiba dizer não, senão no jeitinho, tu desembolsa quantias que não precisava.
Passei na frente da casa do Gabriel Garcia Marquez e não tinha nada, nem um museuzinho, nem uma plaquinha nada. Era só um muro grande enorme. Fiquei chateada e achei pombo tirar foto num MURO.
Tava seca pra conhecer uma livraria lá (a Ábaco) e comprar o livro do mês do Leia Mulheres, que inclusive é de uma autora colombiana, mas lá não tinha. Porém pedi indicações de autoras colombianas e queria sair com o acervo todo. As compras “pra mim” se resumiram em dois livros e um caderninho.
Nunca mais viajo de mochila. Quis fazer a dona prática e fui com um mochilão com cinco quilos de coisas na costas e obviamente FALECI de dor no pescoço, ombros e coluna. Mala pequena de rodinha é o esquema pro futuro mesmo.
Muito bom outras culturas e outra língua. É ótimo treinar o ouvido e a fala. E tá tudo bem pedir ajuda. Quero muito visitar outros países da américa latina.
Uma semana é suficiente. A parte chata é ficar sardinha no avião e esperar mil horas no aeroporto. Mas voltar pra casa é gostoso demais.
Não consegui endeusar essa viagem e falar que foi perfeita porque sinto que esse nível de romantização não dá pra atingir em qualquer lugar que seja. Penso se sou amarga ou se as coisas são mais simples mesmo do que imaginamos. Como tive a sinusite atacada e meu estômago zuado TODOS os dias, acho que deu uma murchada em mim. Também me deparei com o quanto eu engordei pois a maioria das roupas que levei, achava que serviam de boa, mas ficaram me apertando horrores. Fiquei triste e com a autoestima no chão porque eu odeio coisa que me aperte. Segunda-feira volto com a rotina de exercícios sem falta.
Deu pra me divertir. Consegui descansar. Tomei café gostoso. Comi comida boa. Conheci lugares novos. Valeu a pena.
De próxima pensei na Argentina (que talvez a que caiba melhor no bolso) ou Chile ou Uruguai. Vamo?
Links uteis pra quem quiser:
Estou tentando montar um reels com um compilado de vídeos que fiz na viagem pra ilustrar melhor um pouquinho da viagem. Vou postar no instagram quando der tempo de fazer porque sou burrinha de edição.
Como viajei, deu tempo de assistir um filminho só na volta porque já voltei a trabalhar normalmente e no feriado como uma profissional autônoma chupinhada pelo sistema capitalista que sou.
The Last Voyage of the Demeter tentou ser um filme de terror mas não conseguiu. É sobre o navio mercantil que leva o Drácula para Londres e a população começa a ser assombrada e morrer. Totalmente esquecível. Feliz que não gastei meu dinheiro no cinema.
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