Essa semana o twitter começou pegando fogo na área da fofoca. Teve serasa kids, teve viúvo, macho reclamando de barbie, mulher reclamando de barbie, gente xingando a branca só porque auto-constatou que é branca… enfim. Fofoca é uma coisa que engaja bastante.
Vi um cara que trabalha com economia que vira e mexe posta casos reais de clientes (com autorização dos mesmos) pra mostrar umas situações absurdas. As postagens do cara com dicas etc tem ok um certo número de pessoas comentando e tal, mas quando ele posta casos reais isso triplica. Todo mundo quer saber, comentar, julgar etc. É o período que ele bomba e ganha mais seguidores.
Acompanhando uma escritora que amo, ela fez essa mesma observação sobre seus conteúdos. Aquilo que ela escreve, até suas edições de newsletter tem um engajamento fraquíssimo comparado quando o assunto é alguma fofoca nem que seja da própria vida dela. E o quanto ela ficava chateada que parecia só isso que fazia as pessoas se interessarem pelo que ela tinha a dizer, ao invés de todo o resto que ela se dedicava e pensava com tanto carinho.
Não estou criticando a instituição fofoca, muito pelo contrário. A fofoca edifica as relações, nutre conversas, traz boas risadas. Mas mesmo assim existe um limite. E claro que depende de vários fatores: se a fofoca é verdade, o motivo de você estar compartilhando aquilo, com quem você compartilha etc etc Mas hoje meu ponto é que: existe vida além da fofoca virtual (e pessoal?)
Eu não sou criadora de conteúdo nem nada do tipo mas, mesmo com uma merreca de gente me lendo e me acompanhando, eu também sinto essa diferença. Os dois dias que eu mais tive gente interagindo comigo online foi quando eu torci meu pé no meu aniversário e no dia que levei arma na cara de ladrão e policial. Todo mundo queria saber detalhes. Uma amiga disse que o que mais traz gente conversando ou curtindo as coisas dela é quando posta desgraça. É como se vendo que os outros estão piores, a gente se sente bem com o chafurdo da própria merda, a do outro parece feder mais de vez em quando. Outra me disse que na rede profissional, ela só tem engajamento quando posta coisa da vida pessoal, ou foto do rosto. É claro que há quem use tudo isso como uma fórmula pra se fazer presente nas redes e deve funcionar, mas até que ponto é saudável precisar disso pra ter um pouco de contato com o mundo?
Ando há tempos numa crise com redes sociais. Tenho mais de mil fotos arquivadas no instagram, porque é uma rede que uso desde 2012 e muita coisa deixou de fazer sentido pra mim. Repenso mil vezes se devo sumir e como me tornar mais low profile. Tem gente que não sabe usar a internet. Tudo e qualquer coisa que você posta pode e será usado contra você. Poucas vezes isso bateu forte em mim. Uma vez quando era estagiária, um paciente adolescente me achou no tumblr e adorou a idéia porque isso aparentemente me fazia muito moderna para os critérios dele. Fiquei com vergonha do conteúdo que postava lá, tranquei todos as minhas redes e mudei meu nome para não ser encontrada. Outra vez, saí com uma pessoa que admirava muito intelectualmente, e sua curiosidade aparentemente genuína era: porque eu postava foto pelada na internet. Respondi que nunca tinha postado foto pelada na internet. Pois ele abriu meu instagram na minha frente e foi me mostrando. Em nenhuma dessas fotos dava pra ver nada do meu corpo (nem um peitinho, uma bunda murcha, nada…). Eram fotos do colo do peito pra cima, se você usa “tomara que caia”, seria da região da blusa pra cima. Eu não estava nua em nenhuma foto mas ele disse que ninguém saberia disso. Ele não fez nenhum comentário conservador ou escroto, ele me perguntou num sentido lógico da coisa e óbvio que eu não soube responder. Deletei tudo uma semana depois. E uma terceira vez que eu vou ficar bem caladinha, mas pra quem eu desabafei, sabe rsrsrs
Aqui na newsletter dá pra sentir a diferença pelos dados de cada edição. Tenho certeza que se eu fizer uma “top 10 dates ruins que eu já tive” vai ter o triplo de gente lendo do que essa ou se eu falar sobre esse meu início na jornada da escrita e o quanto é importante pra mim a ajuda das pessoas.
O meu problema não é com a fofoca (lembrando), mas uma coisa que me irrita é ter que fazer esse equilíbrio de pratos na vida online. Não pode ser muito low profile e não pode ser muito livro aberto. Tem que jogar uma migalhinha disso e daquilo e alimentar o algoritmo como ele manda. Como se existir online fosse apenas sobre o que os outros querem ou como posso manter as pessoas interessadas em mim, ou naquilo que eu posto, pra lembrarem que eu existo, consumir meu trabalho etc. Cansativo ter que pensar em tudo isso. Me cansa mais quando lembro que tem tanta gente maldosa aí disfarçada no meio daqueles que a gente conhece.
Uma vez quando adolescente existia um fotolog de bauruenses que postava anonimamente foto de pessoas e falando mal delas. É claro que um dia eu estava entre os selecionados. Aquilo me deixou sem chão na época e anos depois descobri que os donos da página eram pessoas que andavam comigo. Frequentavam minha casa. Deletei meu fotolog e criei um novo, sem usar meu nome. Fiquei com vergonha de existir naquele meio.
Depois dos trinta eu não tenho mais vergonha de ser quem eu sou. De reclamar das mesmas coisas. De gostar do que eu gosto. E principalmente não agradar a todos. Criei isso aqui como uma maneira de treinar minha escrita. Sinto falta da época dos blogs. Criei um blog, mas está difícil postar lá. Às vezes me dá um desânimo vendo os número mas tento me lembrar de que não estou aqui por eles. Cada open click é uma pessoa que me lê e algumas conversam comigo sobre e isso já me deixa feliz. Não acho que a solução seja não ter uma vida online. Se for assim eu não tenho trabalho pra pagar minhas contas rs Mas essa concentração de TUDO no virtual me irrita um pouco. E me assusta a proporção que as coisas tomam. Tem muito chorume na internet e não existe saneamento básico pra acabar com isso nem hoje nem daqui mil anos.
Tenho vontade de deletar algumas redes mas preciso delas pra angariar clientes. Tenho pensado sobre essa vibe de persona online. Já mudei muito meu comportamento por aqui ao longo dos anos, sinto que estou num limbo/impasse de como seguir agora. Até que ponto vale a pena compartilhar nossas alegrias, planos e conquistas por aqui? E as coisas ruins?
Não sei de nada, só sei que essa edição foi mais um desabafo do que qualquer coisa. Aposto que vocês vieram aqui esperando um monte de fofoca, desculpa.
Muito tempo que não dava risadas boas com filmes do Nic Cage, mas nesse não esbocei uma emoção sequer. Em Looking Glass, ele e a esposa compram um motel de beira de estrada e começam a ser perseguidos por alguém e é tudo ruim demais, não perca seu tempo. Atuação de centavos de todo mundo. Bônus para a cena em que Nic limpa o óculos com uma cédula monetária aleatoriamente.
Dava nada pra Little Bone Lodge e é um filme bem bacana. Numa tempestade dois criminosos pedem ajuda pra uma família numa casa isolada no meio do nada. Só que não é lá muito ajuda que eles vão ter. Surpreendente e tenso, vale!
Peguei o primeiro Terrifier e fiquei meio em dúvida sobre o que pensar. Nesse o palhaço Art, super simpático, terroriza três jovens na noite de halloween sem dizer uma palavra ou emitir qualquer tipo de som. É bem gore e eu achei torture porn demais pro meu gosto.
Passei pra trasheira de Nekrotronic onde um homem descobre que tem sangue de necromante e começa a caçar demônios que são enviados ONLINE para possuir pessoas. Escrachado e divertido pra quem gosta do gênero.
Aquela thread do twitter virou filme mesmo em Zola, onde uma garçonete viaja do nada com uma branquela pra ganhar dinheiro dançando numa boate em outro estado. Coisas começam acontecer. Mas achei meio meh. Apesar de quem uns detalhes bem legais. Mas meh
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Po, vc acha que o problema se agrava com os Números? Com N maiúsculo, esse Números que seguem a gente em todo lugar? Open rate, seguidores, likes, etc etc etc? Pra mim o que mais fode nisso tudo é exatamente isso: eu quero escrever e me expressar, mas na hora que os Números chegam eu broxo... e não deveria ser assim!!!! Pq nunca foi sobre "nossa quantos Números, eu estou mto popular", mas sobre "eu quero escrever".
Gossip Girl Bauru aew. E o cara já achando que se não tá o corpo todo tá sem nada nele, a imaginação sem limites, inclusive de noção. Mas é. Saudades de umas coisas mais interessantes. Fofoca é bom, mas não é sublime