Mês do orgulho é pra ter orgulho do que se é para que outros possam ter a coragem de também se definir e poder viver do jeito que são. É se identificar, acalmar o coração de que há histórias de vitória, sucesso, acolhimento e amor.
A saída do armário é constante. É posto a prova todos os dias. Pra quê tudo isso? Qual a necessidade de ficar se reafirmando? Usar a bandeira no peito? Mostrar pra todo mundo? Ninguém precisa ficar sabendo. Todo mundo já sabe, quer ficar ganhando like em cima de lacre?
Calar a boca no uber por não saber qual o destino final da corrida que você mesme pediu. Beijar no metrô lotado e mostrar que se está de pé, apesar dos apesares, não há nada que ninguém possa fazer contra sua felicidade. Pelo menos ali, naqueles segundos.
Perder amizades afinal não querem ser objetificados, não importa se não faz o seu tipo. Os convites pra ménage, afinal não se conhece ninguém como você. Os casais curtem a sua vibe.
É um questionamento constante de héteros, principalmente os mais velhos que não querem se denominar conservadores no título mas são na prática. Mas qual você prefere? As chances de trair são dobradas? Você sempre quer os dois aos mesmo tempo? O que é isso? Não vai sofrer? Qual foi seu trauma de infância pra isso? Imagino que você deve ter tido uma grande decepção amorosa ou frustração com um homem né? Quando você escolheu isso? Como se ninguém tivesse acesso a internet. Como se conseguissem enganar uma curiosidade sádica disfarçada de interesse genuíno. E não fazer nada com isso.
Afinal não precisa dar pinta né. Meninas não beijam depósito de porra. Meninos querem saber sua loucura mais selvagem com outra mulher. Se quem come de tudo não passa fome, significa que você é bem safade né? Esse povo lgbtseilámaisoq geralmente é né… Promiscuidade. Se gosta de tudo então deve pegar todo mundo mesmo. Ou é só bi de balada?
É preciso um mês do orgulho porque o que mais tem por aí é gente pra invalidar a vivência alheia. É não ser hétero o suficiente. Nem gay o suficiente. É ter que ser a enciclopédia lgbtqia+ e saber de tudo. Ter todas as respostas. Não pode se descobrir tarde. Tanta gente desconfiava, menos você? Ou nunca ninguém poderia imaginar, afinal só te viram namorando o gênero “oposto”.
Aliás nada contra quem é hétero, até tenho amigos que são. Mas depois de um tempo vai parando de fazer sentido ser um no meio de um bando deles. Os papos. As opiniões. As atitudes. É claro que existe muita gente boa, mas nada como estar no meio dos nossos e ter acolhimento ali.
A vida depois do armário é um mix. De libertação e castração ao mesmo tempo. Se descobrir tarde me fez sentir perder tempo. Perder oportunidade. É como se eu nunca fosse conseguir viver plenamente minha sexualidade. Explorar todo o potencial que vem junto com a descoberta. Mas é bom não estar mais na ignorância. É uma benção não precisar se encaixar nos padrões. Buscar algo que não é você quem quer.
Não sei se orgulho é a melhor palavra pra definir. Mas é importante seguir fora do armário. Nem que seja abrindo a porta todos os dias.
Espresso da semana
Vi um filme ucraniano pesado mas que vale o view. Em Butterfly Vision uma ucraniana é presa na guerra e depois retorna pra sua família cheia de traumas. Não consegue esquecer seus abusos e mesmo assim se recusa a se colocar no lugar de vítima. Pesado.
Dei gostosas risadas com Ruthless People. A esposa de um empresário é sequestrada mas ele não quer pagar o resgate. Danny DeVito e Bette Midler são um ótimo duo. Divertidissimo.
Voltando a tristeza e depressão fui pra mais um filme russo, dessa vez o Unclenching the Fists. Uma moça quer muito se libertar da família abusiva, onde sempre rola a manipulação emocional entre outros absurdos. Pesado.
Achei que Land também seria pesado mas foi um monte de nada. Dirigido e estrelado pela Robin Wright, após o assassinato do marido e do filho, uma mulher se muda pro meio do nada querendo cortar conexão com o mundo.
Estava com saudades dos irmãos Coen e botei Hail, Caesar! pra dar gostosas risadas. Um ator famoso é sequestrado por comunistas e um faz tudo é responsável por resgatá-lo. Cheio de referências e inspirações reais. Muito divertido.
Na categoria “Willem Dafoe enlouquecendo lentamente” vi Inside. Um ladrão fica preso numa mansão num roubo que deu errado e precisa sobreviver ali trancado com um monte de obra de arte e coisa de rico. Vale pela atuação da lenda.
Minha jóia da semana foi Tetsuo: The Iron Man. Um cara que tem fetiche em metal começa a enlouquecer depois de enfiar um pedaço de metal na própria pele. Mas rola uma maldição que vai transformando a pele em ferro, do cara que enterrou esse outro primeiro cara. Loucura demais. Não entendeu? Então assiste! Único homem de ferro possível, aprenda marvel.
Mas aí dei chance pra marvel de ver Ant-Man and the Wasp: Quantumania e foi extremamente esquecível. Eles vão pro quantum realm, conhecem o kang the conqueror e nada mais acontece.
Por último vi um found footage chamado My House. Uma mina é mantida em cativeiro dentro da própria casa, acreditando em todas as mentiras do pai ditadorzinho. Aparece um estranho que começa a plantar sementinhas de dúvida na cabeça dela. É uma tentativa constante de plot twist que não funciona. Chato.
Obrigada por ler mais uma edição!
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