Antes de menino Jesus nascer não existia açúcar. Mas a galera dava um jeito de ter um docinho. Geralmente era com mel, usavam amêndoas e o que pudesse dar um gostinho diferenciado do sal. Também foi nessa época que especulam ter nascido o famoso cannolli, pois os registros mais antigos mostram uma massa de farinha doce com recheio de leite.
Muitos, muitos e mais muitos anos depois, vamos pra França. Primeiro que uma mina rica lá roubou a idéia do sorvete da Itália e levou pros seus banquetes reais pra fazer sucesso com a aristocracia. Mas antes dela teve um parceiro, Massialot (sim eu curto massas a lot), que dizem ser o inventor da sobremesa. Ele preparava refeições pra família real. E como vemos nas obras por aí, rolavam banquetes imensos que duravam horas. Então os pratos finais, pra dar um respiro pra galera da cozinha, passaram a ser doces (tipo geléia, uns creme, etc etc).
Enfim, falar de origens é meio nebuloso. Mas a partir daí a sobremesa passou a virar uma tradição. Afinal, todo mundo queria copiar quem era rico. E hoje, até uma balinha freegells ou uma maçã quase farelenta podem ser consideradas sobremesas.
Todo mundo gosta de um docinho. Você não precisa ser viciadão num chocolate, mas alguma coisa deve agradar seu paladar doce. Eu por exemplo não nego nada que tenha sabor caramelo ou doce de leite. Como disse em uma das edições anteriores, hoje também sou grande fã de doces de limão. E atualmente as variedades são imensas. Não precisa ficar no leite ninho com nutella. Descobri que tem até lugares que servem RODÍZIO de doces. Can you imagine it? A minha intolerância a lactose deve ir à loucura, mas eu ainda quero experimentar.
Por falar em tradições e banquetes, logo teremos o Dia das Mães. Quem me lê a um tempo já deve ter uma noção de que não é um dia que eu “comemoro”. Minha experiência não é lá das melhores e hoje eu não vim falar da minha criação. Afinal né, não quero que aqui seja só texto de dor e sofrimento. Não quero mudar o nome da newsletter pra Pãozinho de Vitimismo.
Como não é um dia que eu tenho participação ativa, hoje vim dar pitaco pra você que tem! Eu aposto que vai rolar aquele almoção de domingo, cada um leva um prato ou faz a própria mãe cozinhar tudo (afinal o dia é dela e muita gente permite que ela cumpra a figura de “servente” até morrer não é mesmo) e no final a mesa lota de doces. Então hoje é dia de dicas. Dicas de sobremesas pro dia das mães e o que elas dizem sobre VOCÊ, e talvez sobre sua relação com ela. Bora?
PUDIM
Um clássico que quase todo mundo gosta. Hoje existem variações mas vamos falar daquele simplão, gente como a gente. Levar pudim mostra que você é fã das tradições e tem medo de errar. Não arrisca muito e porque um dia muitos anos lá trás ouviu mamãe dizer que gostava, nunca mais fez outra coisa.
PAVÊ
O favorito do tiozão, mas hoje não é sobre ele. É sobremesa! (tudumtsssss). Receita clássica abrasileirada que roubamos da França (reparação culinária-histórica). Um pouco mais elaborada que o pudim, mas tão fácil e clássica quanto. Mostra que você é do time nutrir relações familiares e se dispõe um pouquinho nas datas especiais. Já espera as piadas e trocadilhos mas não importa, solta até uma risadinha.
GELATINA/MOSAICO
Essa é uma sobremesa de pessoas manipuladoras. Por fora bonita, colorida, chamativa. Mas por dentro quase nada, sem graça. Muita promessa visual, pouca entrega no conteúdo. Talvez sua opinião sobre sua mãe não seja realmente aquilo que você demonstra pra ela. Faça terapia.
BOLO/TORTA
Também uma sobremesa clássica que mostra um grande apego à infância. Você gostava muito da sua mãe nessa época. Hoje é mais fácil comprar feito pra levar no dia porque ela não é mais prioridade na sua vida. E tudo bem.
SORVETE
Você nem queria ir pra esse almoço, muito menos celebrar a relação com a progenitora. Se levar sorvete de creme então, é praticamente uma declaração de ódio. Vale a pena?
SALADA DE FRUTAS
A relação de vocês é de desconhecidos. Não há intimidade. Você estará presente praticamente por pura pressão social. Marcou na agenda como se fosse uma reunião de negócios. Uma presença de manutenção.
OUTROS DOCES NÃO TRADICIONAIS
Quanto mais complexo e diferentão o doce, mais você quer mostrar serviço pra mamãe. Se é por amor ou cobrança excessiva na infância, eu nunca vou saber. Se atente.
No fim não importa o doce que você escolher. Quer que sua mãe saiba que você a ama? Fala pra ela. Quer se afastar da família porque ela e tóxica? Faça um doce só pra você nesse dia. Eu vou aproveitar e ir pra Feira da Reforma Agrária e comprar doces caseiros e encher meu bucho sozinha mesmo. Ou você também é excluíde do feriado e quer ir comigo?
Espresso da semana
Como todo mortal, estava na espera por Renfield e dei gostosas risadas. A referência ao clássico imitando Bela, o toque meio “shes so crazy i love her” que o Cage se perde no personagem de si. Tudo muito bobo e piadista proposital. Divertido, só a comédia pra fazer esse filme de trazer Drácula pra atualidade funcionar.
Fui longe no cinema alternativo e assisti Mad Heidi. Onde numa Suíça dominada por uma ditadura do queijo e intolerantes a lactose são perseguidos e mortos, uma moça de vida simples é presa e luta pela liberdade e revolução do sistema fascista. Ri demais.
Um casal vai fazer uma trilha e rola uma possessão de ETs. Significant Other é legal e mostra que talvez a gente realmente não conheça tão bem aqueles que são mais próximos. E tem um ataque de tubarão pra cima do ET. Vale o view.
The Infernal Machine tenta criar um bom plot twist mas peca muito na construção. Um escritor recebe cartas e cartas de um “stalker” e começa tentar desvendar quem é. Achei demorado e chatão.
Vi o Rainn Wilson no poster e já dei o play em Don’t Tell a Soul. Dois muleques vão assaltar uma casa e são perseguidos por um policial que acaba caindo num buraco. E aí coisas acontecem. É bem legal e nutriu meu ódio por jovens que se acham machões e só fazem merda.
O novo (porque só vi agora) Ghostbusters: Afterlife acompanha a filha e neta do dr Spengler após a morte do mesmo. Elas e o menino do Stranger Things se mudam pra uma cidade no meio do nada e descobrem um segredo acontecendo e tals. Legalzinho e bem sessão da tarde. Ótimo pra dias que ninguém quer pensar em nada e só existir.
Há tempos na vontade e finalmente assisti Drive My Car. Um diretor/ator de teatro perde sua esposa e dois anos depois vai pra outra cidade dirigir uma peça. Uma moça é designada pra dirigir ele pra cima e pra baixo e aí coisas acontecem e é lindíssimo. Vi que é baseado num livro do Murakami e quero muito ler.
Obrigada por ler mais uma edição!
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Eu amei essa edição porque é quase um horóscopo de doces! Hahahaha! Por favor, quero um desses com pães (o que será que o meu pão preferido diz sobre a minha personalidade?). Arrasou demais, Nat. <3