Em janeiro Nine Inch Nails anunciou seu retorno e uma turnê mundial que obviamente não envolvia o Brasil. E pela primeira vez pensei: e se eu cometer o maior “bora viver” da minha vida? Em Berlim tenho meus primos que eu amo absurdamente e sinto saudade todos os dias. Ou seja: eu tinha mais do que ótimos motivos pra meter essa aventura e ser feliz por dez dias.
Aventura num recorte do termo porque meu modo viajante gosta de descanso, paz e conforto. Eu jamais viajaria pra fazer uma trilha, acampar, ou qualquer outra coisa que me remeta a perrengue evitável. Então a minha escolha foi ficar só em Berlim. Aproveitar a cidade sem pressa e fazer o tipo de programa que eu gosto: rolê histórico, comer, comer, comer, tomar café, conhecer lojas que vendam coisas que me interessam. E dessa vez: ver uma das bandas favoritas da minha vida (mas isso vai ser tema da próxima edição, única e exclusiva sobre o show).
Não baixei o duolingo e nem me atrevi aprender o básico do alemão. O inglês e o google com aquela função de traduzir pela câmera deveriam bastar. E bastou! Em torno de 20% da população falam inglês, então deu pra interagir e sobreviver pra não ficar dependente dos meus primos lindos que também não falam alemão kkkk
Saí de São Paulo 19h numa terça e cheguei às 20h da quarta lá. O fuso é de cinco horas a mais. Cheguei no verão berlinense onde 22h ainda tinha luz natural e um solzinho singelo. Eu amo verão, amo calor, amo luz do sol. O que fez com que eu me sentisse extremamente disposta. Apesar de pegar um dia de 38 graus, a maioria dos dias foram de um calor onde eu não precisava suar igual uma porca e poderia usar shorts e cropped de boa sem sofrimento. Foi ótimo fugir dos 0 graus de São Paulo.
Vamos de tópicos de percepções? Primeira coisa: cerveja. Quem me conhece sabe que eu quase não bebo cerveja pois não gosto do gosto. Ultimamente tenho apreciado um pouco mais, porém, duas latinhas já me deixam extremamente empanturrada e à beira de um piriri. Na viagem eu tomei cerveja literalmente todos os dias, muito mais que duas latinhas e além de não ficar bêbada, também não fiquei empanturrada e não tive piriri. Viciei na Radler que é uma cerveja com limão, que parece uma sprite docinha e gostosa nham nham nham saudades. O que tem na cerveja alemã? Mágica?
Dinheiro: tudo caro.
Pessoas: muita gente padrão europeu (óbvio). Todo mundo magro, branco, com roupas cores neutras basiconas. Claramente os “fora do padrão” são em sua maioria imigrantes. Alemão cuida muito da própria vida e tem o carisma de uma porta. Pensei em baixar o bumble mas já no segundo dia desisti da ideia. Todo mundo é muito bonito e ser rejeitada do outro lado do oceano não me apetecia, então deixei quieto. Fora isso tive interações aleatórias onde pessoas vinham puxar papo por conta das minhas camisetas ou das tatuagens. Também trombei brasileiros em exatamente todos os lugares possíveis.
Estrutura: cidade limpa e o principal PLANA e acessível. Retinha. (pra quem não sabe eu manco de um pé e isso fez uma diferença absurda) Pouca gente pedindo dinheiro. Muito verde em todo lugar. Prédios pequenos propositalmente pra não tirar o sol da população. Não manjo de arquitetura mas tudo parece muito bonito? Muito museu e coisas turísticas. Não fui em tudo porque apesar dos apesares “temática guerra” não é algo que me interessa de ver absolutamente tudo sobre. Mas tem muita coisa pra ver e visitar.
Comida: não tive nenhum dissabor. Tudo muito bem servido. Meus priminhos cozinharam bastante então fui extremamente agraciada. A vida foi boa gastronomicamente. Nada local que pensei “caralho quero comer isso pra sempre”. Destaque para o restaurante de comida grega que enchemos o cu de várias coisas que eu nem lembro o que é, só que gostei muito rs
Vida noturna: geral falou pra eu ir em festa, rave, balada, etc e eu só não fui porque não me interessa RISOS. O plano inicial era ir na casa fetichista mais famosa chamada KitKat mas eu ia menstruar no dia do rolê e não tava afim do perrengue de estar o dobro do tamanho. Além de toda uma burocracia com vestimenta e afins. Deixei quieto, quem sabe numa próxima.
Uma coisa que me surpreendeu foi o tanto de gente me achando aleatória de estar na Alemanha, até questionando se era verdade mesmo. Spoiler: gente eu faço coisas sem contar pros outros! Como disse, estava planejando e correndo atrás de tudo desde janeiro, e só os poucos e de verdade sabiam que isso ia rolar. Acho que foi uma boa maneira de equilibrar essa vida de boca de sacola que conta tudo pra todo mundo, principalmente na internet.
Muita gente também veio me pedir muita coisa. Infelizmente não sou rica pra pagar tudo em euro pra todo mundo ou desprender meu tempo de esquecer da vida me preocupando com agradar os outros. Ativamente escolhi ser egoísta nessa, porque de fato foi um tempo e um dinheiro muito suado que eu quis dedicar 100% pra mim. (ps: a maioria das pessoas que me pediram coisa mal conversam comigo ou tem intimidade, mas acharam que eu tenho cara de aliexpress)
Dito isso, como essa foi minha segunda “grande” viagem resolvi criar uma tradição comigo. Quando visito algum outro país, além de um imã de geladeira, compro algum livro em alguma livraria local que me permita sentar e tomar um cafézinho. Apesar do modo “bora viver”, sou bem controlada com minha grana. Dessa vez comprei algumas coisinhas que achei “Eita Que Fome Coded”. Um casaco bafônico na minha paleta de cores numa loja chama Coexist, que tinha lookinhos maravilhosos. Um cardgame pra me dar mais um motivo pra voltar com os rolês caseiros a todo vapor. Um patinho de borracha punk. Duas brusinha, uma caneca e uma meia da Coretex. Além de uns anéis artesanais que peguei numa feirinha.
Perrengues: bom, já falei que eu manco né? Um voo atrasou e pra fazer a conexão eu tive que correr…mancando… não recomendo. A LATAM simplesmente sumiu com uma passagem que eu tinha comprado e se não fosse meu primo e às basicamente doze horas de preocupação e 19087239817 ligações de uma companhia aérea jogando no rabo da outra… provavelmente eu teria gastado MUITO dinheiro em cima da hora só pra conseguir voltar pra casa. Isso ironicamente no dia de pagar a última parcela das passagens. Ver o valor do euro sendo pago em real, doeu muito no meu coração. No show levei o qr code e me pediram o ingresso original (que meu primo comprou na conta dele online), e sem ele eu não poderia entrar. Mas falo mais sobre isso na news sobre o show, deu tudo certo. Nenhuma tomada funcionou pra carregar meu celular nos aeroportos… nem meu carregador portátil (bateu um leve desespero mas na casa dos primos deu certo?). Também cheguei lá com crise de sinusite que durou dias, e ficar ranhenta no calor é UÓ. Era pra eu menstruar no meio do avião na ida, mas minha menstruação atrasou uma semana e desceu um dia antes da volta (muito alcool e ansiedade no cu mexe com os hormônios sabiam meninas). Outro perrengue é que jogamos mario kart todos os dias e todos os dias fui extremamente humilhada (mas até aqui nenhuma novidade).
Top Lugares: alemão sabe aproveitar um parque. Gostei muito do Mauerpark e de ter a experiência de cantar num karaokê a céu aberto pra mais de cem pessoas. As feirinhas culturais e culinárias são top e eu amo uma vibe senhora. O famosíssimo cinema é algo que queria ter ido além de passar na frente mas também foi muito bom ver. Na onda cinéfila fui na frente do prédio e dentro da estação de metrô onde gravaram POSSESSION (um dos melhores filmes que existe). As lojinhas e cafés são TOP. Andar sem rumo perto de pontos turísticos, é top. O Uber Arena (onde foi o show) é top.
Resumo da Ópera
Deve ser incrível viver numa cidade linda, plana e verde. Mas prefiro ser turista, e como turista foi uma viagem que valeu super a pena. Principalmente pra ficar do lado de quem eu amo, me divertir e de fato respirar no meio do caos da minha vida. Acho que Berlim pode agradar a todos os públicos, porque obviamente você tem que planejar uma viagem de acordo com seu tipo de turismo e interesse. Como disse gosto do rolê sem pressa e apreciar uma cidade de cada vez.
Também foi ótimo conseguir ir no verão, isso com certeza influencia muito no meu humor e disposição. Principalmente pra aproveitar parques, caminhadas e coisas do tipo.
Voltaria pra fazer outras coisas sim, mas só se fosse no verão rs
Amei passar vergonha em Berlim, botar meu inglês pra jogo, ver meus amores e principalmente descansar e sair da rotina.
Utilidades
No meu perfil do insta tem mais fotos e vou postar o resto dos compilados em vídeo que fiz por dia. Viajar é gostoso demais! Se você já foi pra Berlim, conta aqui sua experiência e deixe sua dica pra quem também se interessa por ir!
The Phoenician Scheme Um “cara de negócios” bota sua filha freira como a única herdeira de seus bens. Mas isso vai custar uma aproximação e altas aventuras. Eu queria que a minha vida fosse um filme do Wes Anderson. Infelizmente o diretor se perdeu no personagem mas ainda assim gostei do tom da narrativa mesmo que rasa. Divertido.
The Ritual Um filme ruim de exorcismo como qualquer outro que se diz baseado em fatos reais. Jogo de câmera igual qualquer falso documentário. Al Pacino falando num sotaque forçado. E o Dan Stevens sendo um “hot priest” (te amo). Freiras com harmonização facial em pleno 1920. Um dos piores do ano.
Bring Her Back Depois da morte do pai, dos jovens vão pra uma mãe adotiva e coisas acontecem. Filme que me de vontade de enfiar um lápis no olho, dor e agonia do começo ao fim. Perturbadíssimo. Total desgraçamento mental. Pra ficar mal e descaralhado. 10/10 um dos melhores do ano!
Bob Trevino Likes It Uma jovem solitária faz um amigo online que tem o mesmo nome que seu pai. Bonitinho, sensível e relacionável pra muita gente. Um show de atuação da Barbie Ferreira. Galera do daddy issues vai sentir forte esse.
Anatomy of Hell Uma gata contrata uma gay pra passar quatro noites no seu quarto sendo observada nos seus momentos mais “não observáveis”. Para além dos momentos problemáticos, é uma crítica ao male gaze, a sexualização do corpo feminino e a dominância proveniente do machismo (que não é exclusiva do homem hétero). Ótimo filme. (lars von trier wishes né mona)
Anything for Jackson Um casal de idosos sequestra uma jovem grávida pra fazer rituais satânicos e reviver seu neto morto. Bem interessante e mesmo com clichês, se sustenta bem! Se perde em alguns detalhes (ou na falta deles) mas um bom resultado no total.
Vile Estranhos acordam prisioneiros numa casa e pra escapar precisam da química produzida pelo cérebro quando sentem dor. Ou seja: fãs de jogos mortais, esse é pra vocês! Um ritmo meio merda, um roteiro meio xoxo e atuações capengas. Poderia ser pior. Mas poderia ser melhor.
Nothing Bad Can Happen Um garoto envolvimento no “movimento punk cristão underground” acaba se envolvendo com uma família disfuncional e muitas coisas acontecem. Um filme que aborda a fé e a falta dela. Deixa a gente desesperançoso e com vontade de desistir da vida. Perturbação e crise existencial garantidas. 10/10
eXistenZ Uma game designer precisa fugir de assassinos enquanto tenta a qualquer custo jogar seu jogo de realidade virtual com o gostoso do seu trainee. Mas consequências podem acontecer. Cronenberg além de ser pai do body horror é visionário e certeiro demais nesse filme. Continua atual (mais do que deveria).
Thunderbolts* O Suicide Squad da Marvel com personagens mais humanizados e com menos piadinhas inconvenientes. Finalmente um acerto! Muito mais voltado pros seus personagens e sensível em suas questões emocionais. Divertido na medida certa. Gostaria de ser pisada pela Miss Flo nessa versão. E conseguiram deixar o Lewis Pullman… gostoso?
Kpop Demon Hunters Estrelas do Kpop além da fama são caçadoras de demônios. Mas um grupo rival, nas músicas também é formado por aquilo que elas abominam trazendo uma ameaça nos palcos e fora deles. Boas músicas, animação bonita e aproveitável. Mas nada muito memorável. Bom pra passar o tempo.
Ravenous Assistido para gravar o próximo episódio de Rainhas do Grito. Que vai ao ar dia 25/07. Só digo que esse filme PRECISA ser assistido por todas as pessoas do mundo imediatamente porque as críticas e o subtexto são INCRÍVEIS e eu amo muito.