Se for pra ser, será. A vida dá um jeito. Seja o que Deus quiser. Deixa acontecer naturalmente. Tá, mas até que ponto? Frases como essa sempre pareceram uma grande falácia pra mim. Mas ao mesmo tempo… hm, vamo lá:
Todo mundo está cansado, ora ora, não é novidade pra ninguém. A vida que nos massacra diariamente nos dá vontade de ficarmos inertes perante alguns contextos/momentos. É meio que um foda-se, pero no mucho. Às vezes a gente só não quer ter esforço nenhum. Continuamos no modo automático e vamos levando porque é o que dá pra fazer… mas nem sempre.
Há quem acredite em destino, que tudo está escrito e por conta disso, tudo vai se alinhar naturalmente. Alinhar… de qual jeito? Exatamente do jeitinho que você quer? Ou que o seu destino/deus/sejáláoquefor queira? Duvido que sejam a mesma coisa. Ou só há credo nessas coisas quando elas estão alinhadas exatamente com seus desejos ou script criado na sua cabeça?
Não posso falar por todo mundo, mas na minha experiência, se eu levasse uma vida de deixa acontecer naturalmente… eu estaria totalmente na merda em todas as esferas da minha vida. Morando no interior, provavelmente sem emprego, sem lá muitos amigos e sendo “a escolhida” em algum relacionamento merda.
Com o passar dos anos eu fui aprendendo um pouco mais sobre a famosa CONSEQUÊNCIA DAS MINHAS AÇÕES. Que nem sempre foram das melhores, mas foram alguma coisa. Porque eu tive que aprender a arriscar. A dar uma chance pra que as coisas mudassem. E aí eu me tornei o que os jovens gostam de chamar de “uma millenial hiper-independente”. Cheia de questões trabalhadas na terapia (e de ainda dificuldade na prática), cheguei ao ponto de “dou conta de tudo sozinha (mentira), faço por onde, me viro não preciso de ninguém”. Que também é uma grande falácia. Afinal, ser independente não significa ter controle sobre o resultado de todas as coisas. Mas por que estou falando disso? Porque ser super independente apesar de parecer MARAVILHOSO, também traz grandes defeitos. Um deles é de achar que é preciso tomar atitude sobre tudo e basicamente, quase nunca deixar acontecer naturalmente.
O outro lado da moeda vem com uma romantização ficcional muito comum. Onde de repente o lugar dos seus sonhos abriu uma vaga perfeita pra você (ISSO NÃO EXISTE, O CAPITALISMO FALHOU FALHA FALHARÁ). Ou a pessoa dos seus sonhos vai estar solteira na mesma época que você, interessada por você, trombará no seu corpinho numa cafeteria no outono e pedir seu zapzap. Pode ser que de vez em quando isso aconteça? Sim. Mas até que ponto vale a pena deixar a vida decidir por si ou tudo nas mãos/iniciativas do outro/do mundo etc?
O que me soa ideal, é um equilíbrio entre as duas frentes. Ter o seu filtro onde se saiba quais batalhas valem a pena serem travadas. Até que ponto se deve agir e qual o ponto de simplesmente sentar e ficar de boa esperando? Mas assim, que difícil bicho.
Eu que estou acostumada a tomar as rédeas de tudo, também fico cansada pra caralho de tomar as rédeas de tudo. Mas pra mim… se eu não faço, nada acontece. Minha vida só anda quando eu decido. Quando tento. Arrisco. Etc
Conversando com uma amiga, levamos para o lado afetivo/sexual da coisa. Quem me conhece sabe que meu modus operandi é meio jeitinho MC Carol das ideia. E aí, vamo beijar? Vai me comer quando? Quando eu quero, dou um jeito de dar voz aos meus desejos. Se o outro topar, lucro pra mim. Se não, vida que segue. Aprendi que nem todo mundo gosta de mulher muito direta. Homens principalmente se amedrontam ou preferem estar na posição da “caça”. Bom, problema deles. O pós date também recai sobre o meu VAMOS SAIR DE NOVO? Afinal se eu gostei e quero repetir… vou ter que deixar o outro adivinha? Faço planos, convites etc (até onde/quando minha agenda permitir). E aí vem a canseira geral: tá todo mundo cansado de falar, convidar, fazer. Por que quase nunca parte do outro? O esforço sempre parece estar na gente. E dependendo das circunstâncias… acaba sendo só nosso mesmo.
A maioria das mulheres que atendo reclamam com frequência que só queriam que alguém fizesse tudo por elas. Se esforçasse, mandasse a mensagem, fizesse o convite, falasse sobre sentimentos etc etc etc. Aqui nós temos o grande problema da humanidade: comunicação. Mas ao mesmo tempo, com a caralha do HETEROPESSIMISMO, como culpá-las? Só que… se eu não mandar um xaveco barato no inbox do instagram, como vou saber que aquela pessoa quer me beijar? Curtir stories e torcer pelo melhor? Se você quer conhecer alguém “naturalmente” (fora de apps de relacionamento), como isso é possível se você não sai de casa ou faz atividades sociais? E aí a gente segue assim: às vezes torcendo pro outro insistir na gente e outras pra desistir da gente. Sentades aqui, do nosso troninho esperando não passar por nenhum desconforto.
Voltando pra um lado mais generalista das coisas, consigo pensar em pouquíssimas experiências que posso classificar como “aconteceram naturalmente”. Honestamente acho difícil visualizar, pra mim, o como. Como ficar de boa? Como deixar acontecer naturalmente? Alguns de vocês podem se atrever a dizer que tudo isso é ansiedade. E em partes estão certos, porque um pouquinho não deixa de ser, de fato. Gostaria que houvesse essa chavinha pra sair do modo sobrevivência onde a vida não é um lembrete constante de que “eu estou sozinha no mundo e se eu não fizer as coisas, tudo vai dar errado e vou ter que morar de baixo da ponte com meus cachorros”.
Adoraria de fato relaxar e pensar “não preciso me preocupar com isso, deixa fluir”. Meio do ano, tô meio cansada. Vou tirar dez dias pra desligar um pouquinho. Mas de fato consigo? Culpa do capitalismo, sim, também. Nesse modus operandi de tomar rédeas, é mil projetos. É querer estar sempre disponível pras minhas amigas e não conseguir. Abrir o google calendário e não querer ser/parecer escrota com “só tenho x dia livre daqui dois meses”. É não ter bichinhos mágicos da floresta (que floresta? em sp diva?) fazendo serviço doméstico pra mim cantarolando músicas felizes. Pode ser crise existencial fruto da tpm. Pode ser raiva e agitação fruto do período fértil. Pode ser tudo, pode ser nada…
Mas na real? Queria estar só como um pagodinho agora: ritmo bom, na paz e deixando acontecer naturalmente. Ou a vida me levar? Quem souber que compartilhe comigo nos comentários. Enquanto isso vou lá botar esparadrapo nas mãos pra continuar segurando as rédeas.
The Surfer Um cara volta pra sua cidade da infância pra surfar com seu filho mas é constantemente humilhado pelos moradores locais. E coisas acontecem. Mais um daqueles onde Nic Cage interpreta uma versão dele mesmo perdido na loucurinha. Um tipo de filme pra se ver entorpecido. Não entendi muita coisa, mas gostei kkkkk
Lucía y el Sexo Um autor tem uma pica de ouro que faz duas mulheres em épocas diferentes ficarem obcecadas por ele. Enquanto ele vai escrevendo seu romance se remoendo de culpa, vai todo mundo ficando fora da casinha e deixando de lado o que os une: transar. Tem boas cenas de sexo mas a construção dos romances e ligações entre as personagens me irritou um pouco rs
Bed Rest Morando numa nova casa pra ter seu filho e viver uma vida de família margarina, uma gata sofre um acidente e precisa ficar de cama até o bebê nascer… mas começa a ver e sentir coisas. Melissa Barrera tava sem vontade alguma de atuar nesse né? Fez o que pode, e pode pouquíssimo a diva. Misericórdia que filme ruim rs
Mountainhead Um grupo de bilionários egocêntricos se reunem pra medir quem tem o pinto maior (na vdd dinheiro) e tentar atingir os próprios objetivos. Quando um deles discorda do básico, parece haver apenas uma saída… Bom, é uma sátira levada ao quase extremo, com um toque Succession que conhecemos do Jesse Armstrong. No começo parece chato, depois melhora e você só sente ódio da babaquisse real e atual da situação. Gostei. (com ódio que só tem gente odiável mas um elenco que eu amo muito?)
On Swift Horses Nos anos 50 uma gata meio que quer se envolver com o irmão do seu marido, só que ela e o cunhado estão no armário e coisas que deveriam acontecer não acontecem. Ninguém nesse elenco convence como LGBT. Plot facilmente resolvido com não monogamia e bissexualidade. Risos. Roteiro fraquinho demais.
Witches Revisto para gravar episódio do Rainhas do Grito. Documentário que mistura o histórico da representação feminina através das bruxas e como isso conversa com saúde mental e depressão/psicose pós-parto e maternidade. Episódio no ar dia 11/07.
Totally F****d Up Adolescentes gays vivendo vivências de adolescentes gays no começo dos anos 90. Tudo que o Gregg Araki fizer, quero ter a oportunidade de ver. Tem bem o jeitinho do divo. Cheio de crítica, cenas bem filmadas e criatividade. E algum soco no estômago aqui e ali. Bão!
Overcompensating Uma gay padrão que sempre precisou ser perfeito pra família, embarca pra vida na faculdade e luta pra se descobrir ou tornar-se quem realmente é. Vivendo no armário e machucando pessoas no meio do caminho por isso. Mas é uma ótima série, cérebro lisinho, gente bonita e gostosa, Charlie XCX e muita gente bonita e gostosa. Gostei.