O título do último episódio da terceira temporada de white lotus é um conceito filosófico. Todo mundo que acompanhou está comentando, rasgando o cu, defendendo aos berros ou só utilizando desse último título em status nas redes e afins. Mas vamos pensar que porra é essa?
Nietzsche foi um cara que pensava pacas. Não à toa: filósofo. Foi um brother sofrido mas com um cérebro top que falava várias coisas que faziam sentido pra sua época e pra nossa. Amor fati segundo o divo, significa um amor pela vida em sua totalidade, tudo aquilo que é inevitável: tanto as coisas boas quanto as tragédias. É aceitar a vida como ela é.
Ele dizia que basicamente precisamos amar aquilo que é necessário nas coisas. O que na verdade é: a existência é feita de dualidades e não dá pra viver uma vida sem todos os lados dela. Quanto mais a gente cria ilusões, ou foge da dor, mais a gente sofre. Sabe o famoso “aceita que dói menos”? É tipo isso, pro Nietzsche se você aceita a finitude das coisas e a fatalidade, só aí você está aberto verdadeiramente às possibilidades de viver de fato.
E isso não é ser uma passivona diante de tudo, mas que só assim você vai conseguir olhar pra sua vida e entender o que de fato está ao seu alcance de tomar as rédeas e realizar as mudanças necessárias e plausíveis. A vontade surge da aceitação da sua existência da forma mais realista que for possível.
Há males que vem para o bem. Há males que vem para o males mesmo. E a gente vê um pouco disso com o desfecho de White Lotus. Existem personagens que mediante a desgraça conseguem benefícios e melhorias pra própria vida. Outros que abraçam estar na merda e é nela que vão ter que aprender a lidar e sobreviver.
Voltando no nosso filósofo, ele prega que esse caminho de amar e aceitar o seu destino é basicamente aceitar sua própria vida. Destino = vida. Ou seja… nosso controle é limitado, estamos fadados à fatores que já existiam antes de nós, etc… Então é como se fosse a mesma resposta pra pergunta: qual o sentido da vida? A vida em si. Não é só deixar a vida me levar, mas entender que a própria vida é cheia de absurdos e irracionalidades. Que tem coisas que é dar murro em ponta de faca. Que não adianta buscar resposta. Algumas coisas são como são. E tudo bem. Ou não tá tudo bem, mas aí é você que precisa entender esse sentimento e lidar com ele, porque a coisa em si talvez não vá mudar. Eita, ficou confuso? Sei lá, filosofia traz mais questões do que respostas mesmo né
É que a palavra amor junto de tudo isso, parece deixar mais difícil. O bigodudo diz que encontrar beleza no meio da merda, porque a merda é o que é, leva pra um caminho de uma frase do tipo dizer sim à vida, porque só ela existe e somente ela carrega valor em si mesma. Meio que tanta coisa tá ligada uma a outra na nossa vida, que quanto mais tentamos separar ou olhar de maneira reducionista mais ficamos frustrados e sofremos. Com essa mania besta e ansiosa dos infernos que temos de olhar pra nossa história e pensar “e se?”. Que tudo seria diferente se eu tivesse escolhido o vestido verde ao invés do vermelho. Se sua mãe tivesse escolhido o rockeiro descolado ao invés do seu pai que é um economista coxinha chato do caralho você teria sido uma outra pessoa completamente… enfim. Nietzsche fala assim com isso tudo: GIRL WAKE UP. O fato é que tal coisa é assim. IT IS WHAT IT IS (e às vezes a gente meio que não sabe what it is de fato, e tá tudo bem). Já que é assim, a mona vai fazer o que com isso? Também é um exercício de se colocar no presente, entender as limitações e olhar pras escolhas.
Pode reclamar. Pode ser contra o sistema. Pode sentir raiva, inveja, ciúmes, tristeza, nojo, felicidade, etc etc etc Mais uma vez: não é sobre ser uma passivona diante da própria vida.
Em White Lotus temos o personagem do Jason Isaacs (hmmmm daddy) que chega nessa conclusão no último episódio. O pai se desespera, pensa em todas as saídas possíveis, faz piña colada com fruta venenosa, rouba arma etc etc e depois é isso: eles vão voltar pra encarar a situação como ela se apresenta, não tem como fugir. Ou a sua filha que experimenta por um dia viver sem seus privilégios e tem que assumir que gosta de ser uma mimada. A gente já sabia que a Aimee era o alvo do destino trágico, e mesmo sendo apaixonada por um homem feio e provavelmente criminoso que não a tratava como ela merecia… era uma das mais sensatas ali. Tentar transar com qualquer mulher que exista não vai te fazer menos solitário se você não aprender a lidar com a solidão e entender sobre como você funciona com seus vínculos. (aqui por exemplo eu sempre me digo que não gosto de homem padrão mas sentaria no Patrick Schwarzenegger pra preencher o vazio dele se é que me entendes, se eu seguir Nietzsche devo admitir pra eu mesma que talvez goste de alguns homi padrão sim, não todos mas…)
Parece que em algumas entrevistas o próprio Mike White, criador da série lançou uns papos do tipo. Que a série dele é o que é. As decisões dele não mudariam por conta de chororô na internet e que ele mesmo estava feliz e satisfeito com o rumo das coisas. Como gosto de dizer: a gente pode ficar analisando as obras e falando “poderia ser isso ou aquilo” mas no fim, a gente tem que se contentar com aquilo que nos é apresentado. Enfim, essa temporada mais fraquinha e arrastada onde nada acontece feijoada, não me faz gostar menos da série como um todo. Pra mim o ponto alto foi o personagem do Sam Rockwell que é um ator muito subestimado e merecia o mundo todinho. E o trio das gatas, Carrie Coon tá até com dor nas costas de ter carregado o peso de um maiores nomes da temporada. Não tô entendendo o surto coletivo da galera do nada com tesão no Walton Goggins mas tá tudo bem (mentira, entendo sim, é o carisma né?…. né?)
Séries, filmes e outras obras vão ser sempre assim, batem diferente pra cada um. Alguém vai odiar, alguém vai amar. Mas parece que é cada dia mais difícil amar as coisas de fato. O ódio parece bem mais fácil. Se com arte e entretenimento está mais fácil desgostar, imagina com a própria vida. Me repetindo propositalmente, parece que contra o divo do bigode, está cada dia mais difícil amarmos a vida do jeito que ela é de fato. É culpa do capitalismo, do momento sócio-histórico-cultural-econômico e de tantas outras coisas. Parte deve ser culpa nossa também, é claro.
Otimismo desenfreado é tóxico. Pessimismo também. Ser realista é mais saudável, mas a que custo? A impressão que dá é que sempre “amor é uma palavra muito forte”. Eu sei que é um termo mas, quanto será que a gente consegue praticar o amor fati de verdade? Como transformar todo esse conceito em prática… na prática? Hoje é um dia que só trago perguntas, se alguém tiver respostas, seja bem vinde.
Dead Talents Society Depois de mortos os fantasmas precisam trabalhar para se tornar lendas urbanas ou desaparecerem para sempre. Com um agente e uma equipe, a protagonista precisa aprender como ser assustadora. Eu amei muito, esse filme é divertidíssimo e totalmente irônico, satírico e crítico. Que grata surpresa! Dei gostosas risadas.
Blood Star Uma jovem dirigindo sozinha pelo deserto se depara com um policial sádico que começa uma perseguição que coloca sua vida em risco. É um thriller clichê e tenso que não traz nada de novo mas que não é ruim. Meio baixo orçamento bem intencionado mas nada memorável. Ainda assim pode valer o view.
Single White Female Uma gata traída mora num apartamento babadíssimo e depois do chifre resolve arranjar uma colega pra dividir as contas. Mas a colega acaba ultrapassando limites que não dá pra defender. Não envelheceu muito bem mas tem uma construção de tensão muito boa. Jennifer Jason Leigh é brilhante e merecia mais rs
Bring Them Down Dois fazendeiros tem uma certa rivalidade só que a coisa vai tomando proporções desnecessárias. O homem sendo homem né, porque reprime tudo até explodir em violência gratuita. Apesar das ótimas atuações, a trama e o roteiro não me pegaram. Meh
Jeepers Creepers Revi este ícone e continua incrível! Dois irmãos no meio de uma viagem acabam trombando um zé faquinha e as coisas passam a piorar. Justin Long daria um ótimo scream king (eu sei que vc tá tentando meu anjo) mas falta um carisma né? Tem um rostinho socável demais. Não sei. Mas vejam o filme!
Idle Hands Ícone divertidíssimo! Já pensou sua mão ficar possuída pelo demônio e matar todos aos seu redor sem seu controle? Logo sai vídeo sobre ele no Dia do Lixo, lá no instagram.
Tusk Dois homens héteros que tem um podcast (já é terror o suficiente) são chatos pra cacete. Um some, o outro vai procurar com a namorado do primeiro. Num casarão no meio do nada, ele mesmo Justin Long passa por uma transformação em cativeiro… Alguém por favor impeça o Kevin Smith de fazer terror pois sem condições. Que bomba do caralho, argh
Mayhem Um vírus se espalha por um prédio comercial, deixando as pessoas violentas e impulsivas. A galera tem um tempo pra sobreviver e receber a cura/serem liberados. Ser bissexual é bom demais e Steven Yeun e Samara Weaving juntos é um deleite. Babado demais, amei. Dedo no cu e gritaria.
Aliens Expanded Um documentário sobre o filme Aliens. Veria mais quatro horas e meia sobre qualquer filme da franquia. Eu amo aliens. Amo Ripley. Amo esse filme (apesar de alguns pontos que discordo risos). E esse documentário tá mais completo do que deveria. Amei.
Maps to the Stars Aparentemente Cronenberg gosta de chamar o Robert Pattison pra andar de limosine. E tá tudo bem. Esse aqui é uma crítica sobre celebridades, hollywood, fama, entre outras coisas. Gosto do pai falando mal da moral suja da galera e das tragédias dessa vida. Muito bom.
The Mouse Trap Presos num fliperama, jovens tem que sobreviver a um assassino com máscara do Mickey. Esse é um dos piores slashers que eu já vi em toda minha vida. Indefensável. Podre. Ruim. Chato. Sem noção. Minha alma foi sugada e desejei a morte.
Holland Uma família margarina não é tão perfeita assim. E uma professora se une com um colega para desvendar um possível chifre.. ou coisa pior. Primeiramente Nicole Kidman YOU GO GIRL, a inimiga do desemprego. Segundamente eu entendo completamente a siriricagem quando falamos sobre GAEL GARCIA BERNAL. (enquanto é casada com matthew macfadyen? YOU GO GIRL²) Mas o filme é bem fraquinho, um roteiro meio troncho e totalmente esquecível. Uma pena.