Aproveitando a última semana de férias, maratonei mais uma série. Laid tem uma temporada disponível mas já foi renovada. Com oito episódios de meia hora cada, é como um “remake” de uma antiga (2011 kkk) série australiana.
A protagonista Rubi, descobre que todas as pessoas com quem ela transou começam a morrer em sequência. Cada uma de uma causa diferente, nenhuma delas por IST’s. Sendo ela, o único fator em comum, decide investigar junto com sua melhor amiga AJ e até avisar os que ainda estão vivos para tomarem cuidado. Ou só anunciar que eles vão morrer mesmo. De todas as fodas, um deles é o bug na matrix, ou seja apenas Richie não morreu enquanto os que vieram depois dele continuam o rastro de sangue. (fica em paz que é uma comédia e não tem nenhum gore nem nada de horror nem explícito, ok?)
Enquanto faz essa descoberta, Rubi acaba se apaixonando por um cliente que parece o homem perfeito. Ela diz que seu sonho é viver um romance digno de filmes. Com declarações românticas, beijos na chuva e tudo que qualquer comédia romântica prega o que é amor de verdade. Porém, aos seus 33 anos, ela percebe que a grande parte das suas relações ao longo de sua vida foram casuais. O sexo era o fator dominante ao se envolver com pessoas muito diversas (gostei que aqui envolve homem, mulher e até casais&baguncinhas).
Após um “certo acontecimento” Rubi começa a questionar e ser questionada sobre seu comportamento em relação ao sexo. As pessoas ao seu redor já tem o diagnóstico pronto: a culpa é do pai que a abandonou quando era jovem. Ela transa e vai embora porque como não quer ser abandonada de novo, é mais fácil pular do barco antes de se machucar. E aí começa a culpa, quem mandou Rubi transar com esse tanto de gente? Se ela é o único fator comum, a culpa das pessoas morrerem é dela!
AJ pergunta: precisa sempre terminar em sexo? Afinal a lista “Sex Timeline” da amiga cabe em um único post-it, já que ela sempre teve relacionamentos longos e transou com quatro pessoas a vida toda. “Queria ser mais como você” diz Rubi. E AJ confessa que também queria ser mais como a amiga transante.
A conclusão é clara e óbvia, quando falamos de mulheres e sexo nunca há uma resposta satisfatória. Se você transa de menos, está errada. Se transa demais, também. Mas principalmente… se transa demais.
Rubi se atrai por muitas pessoas e o seu padrão é esse: gostei ou quero? Vou transar. Muitas fodas anteriores ela não lembra o nome, tiveram contextos insalubres, fez por carência, enfim. Um dos caras ela acaba transando apenas no terceiro encontro e é horrível. Ela diz, “que bom que ambos não gostamos disso aqui então nunca mais faremos de novo, tchau”. E o cara se sente ofendido “ué, porque não dar uma chance e continuar tentando até o sexo melhorar?”. Por que uma mulher precisa insistir em algo que ela já sabe que não quer, só pra ser agradável? Transar por educação?
Ela também é punida pelas pessoas que já transou quando passa a visitá-las para o aviso. Parou de conversar ou sumiu. Transou com o amigo da pessoa depois. Tirou a virgindade de alguém e não quis mais. E o principal: transou e não quis namorar com a pessoa. Como assim vamos transar e você não quer me conhecer melhor? Não quer ir no almoço com a minha família? Etc etc. É claro que Rubi, assim como qualquer um de nós, não é perfeita. Mas esse não é o ponto hoje. Por que essa mulher adulta e consciente não pode ter as rédeas da própria vida sexual? Por que o sexo precisa levar à um relacionamento “mais profundo” como um namoro?
Sabemos que a base disso está no machismo, no controle do corpo da mulher e no capitalismo. É 2025, e vemos ondas fascistas crescendo com diversas gerações adotando discursos de tradwife, cleangirl entre outros absurdos conservadores que retrocedem nos direitos e na existência das mulheres. E é um absurdo ainda questionar por quê a vida sexual ativa de uma mulher incomoda tanto as outras pessoas.
Em certo momento da série, Rubi não quer matar seu novo flerte. Ela tenta fazer diferente dessa vez, pois está apaixonada. Eles vão beijar na boca e se esfregar de calça jeans, mas não vão transar. Se for amor de verdade, ambos podem esperar ver se o mistério se resolve… e advinha? Ela quer muito transar e sente que algo está errado. Ou que é até pior só ficar nessa. Pra ela é melhor transar de vez ou simplesmente não fazer nada. Ou até quem sabe… transar com outra pessoa. Mas hoje eu não vou criticar a monogamia, risos.
Numa cena com a sua psicóloga, Rubi recebe uma tarefa: tirar a possibilidade do sexo e do amor de suas interações com um homem. E claro que, cada um é cada um, mas por que amor romântico&sexo precisam andar juntos? A mulher que escolhe separá-los, sempre ganha um rótulo de biscate ou qualquer outro que possa depreciá-la. Entendo que na série temos um objetivo narrativo e de desenvolvimento, mas fora dela, a mulher que gosta muito de sexo também é reduzida à isso. Será que Rubi, ou qualquer uma de nós, precisa justificar o motivo de gostar tanto de transar? Precisa ter uma raíz freudiana e ser necessariamente um problema?
Um dos dilemas da série é que será que ela consegue conciliar isso com um amor “de verdade”? Para amar e namorar, ela precisa domar e apagar essa parte de si? Só assim ela será valorizada? Ou melhor, será que assim ela será “recompensada” com amor duradouro e seguro?
Obviamente essa série bateu pra mim. Desde o início da vida adulta sou uma mulher sexualmente ativa. Eu gosto bastante de transar e passei (ainda estou passando) a maior parte da minha vida solteira. A “biscate” de quase todos meus grupos de amigos, sou eu. E todas as vezes que sou reduzida a isso, me dá vontade de ter um surtinho. Também já me questionei muito sobre todas essas coisas e sobre o papel do sexo na minha vida. Tentei fazer diferente. Quando tive relacionamentos fechados e monogâmicos e minha vida sexual se resumia a transar três vezes por ano, além de depressiva pensava que “então é isso que consiste um namoro longo?”. Quanto já me culpei de pensar que “será que só sou feliz sendo piranha”? Ou pensei que não sabia amar? Ou de que estava tentando preencher minha vida com sexo já que nunca tive amor e isso era o mais perto que eu conseguiria chegar? (meu psicólogo descartou várias dessas teorias)
Uma coisa que acontece com mais frequência do que eu gostaria é por exemplo: se eu falo que conheço alguém, ou cito alguém, o impulso dos meus amigos é perguntar se eu já peguei/transei/etc. A minha resposta é sempre a mesma, como disse a diva Leila Diniz: "Sim. Eu posso dar para todo mundo... Mas não dou para qualquer um!". Quantas vezes já rolou essa cobrança quando falo um não? Enfim… Eu fiz as pazes com isso, mas sei que sempre vão surgir comentários e julgamentos etc. Defenderei o movimento de que piranhas também podem amar (apesar de que me apaixonar é uma das coisas mais difíceis do mundo e que ainda estou reaprendendo sobre, mas isso é papo pra outro dia).
Voltando à série o meu ponto é: que ótimo ver a sexualidade feminina como um ponto principal em uma obra sem diminuir a mulher que a vive. Claro que que peca em muitos pontos, afinal pende muito para o lado da comédia romântica. Não reinventa a roda e não aprofunda/liberta tanto quanto tem potencial para tal. Mas só de trazer pontos para reflexões pra quem se identifica/está assistindo, já tem seu valor. Afinal, pra nós mulheres, viver é um questionamento constante. Temos tantas amarras enraizadas que são difíceis de perceber, que sempre vale botar em perspectivas se apenas não estamos seguindo regras sem sentidos que nos fazem robozinhos castrados do sistema.
Transar também é político.
A Real Pain Primos viajam para honrar a avó num tour no Polônia e começa uma lavação de roupa suja. Uma excelente estreia de Jesse Eisenberg como diretor. Uma sensível abordagem sobre luto, relações familiares e como pessoas completamente opostas lidam com a vida num geral. Não há certo e errado. Ótimo filme! Kieran Culkin conte comigo para absolutamente tudo.
Time Cut Copia, só não faz igual! Uma adolescente acaba voltando no tempo pros anos 2000 pra salvar a irmã de ser assassinada um killer mascarado. Chato, e cópia barata de “16 facadas”. Se leva muito a sério, e só salva a escolha pro final. Meh
Le Paradis Num espaço para corrigir jovens “criminosos”, um deles está se preparando para voltar a sociedade mas a chegada de um boyzinho saboroso faz com que ele comece a repensar sua liberdade. Achei uma abordagem muito honesta e pé no chão tanto em falar de sexualidade, como o senso de comunidade, questões éticas e preconceitos etc.
The Haunting in Connecticut O filho de uma família está tratando um câncer e família decide se mudar para perto do hospital em uma casa grande e barata demais pra ser verdade. E coisas sobrenaturais acontecem. Um filme horrível de tonto e chato, cheio de clichês que não funcionam. Mas tem o meu marido Kyle Gallner novinho, então assisti pra apoiar.
Cherry Um adolescente de 17 anos entra na faculdade e acaba se apaixonando por uma colega de sala que está na casa dos trinta. Ela tem uma filha de 14, que também acaba se apaixonando por ele. Já dá pra perceber que não dá pra sair coisa boa disso aqui né? É tanta problemática que vou só dizer pra você se poupar. Mas tem o meu marido Kyle Gallner novinho, então assisti pra apoiar. [2]
Alien Code Depois de decifrar uma mensagem encontrada em um satélite, o meu marido Kyle Gallner tem que lidar com perseguição do governo e de outros seres… Eita filme fraquinho. Mais um de apoio risos. Crítica completa em breve no Boca do Inferno.
Red State Sabe quem tá aqui de novo? Meu marido Kyle Gallner, risos. Nesse um grupo de jovens querem transar e acabam numa armadilha de fanáticos religiosos extremistas e com armas na mão. Tinha potencial e parece ser dividido em dois filmes diferentes. Mas é extremamente fraquinho e o elenco não salva. Kevin Smith tentou fazer terror mas é melhor se manter na comédia mesmo.
Wicked Esse aqui todo mundo já manja sobre o que é. Eu simplesmente detesto a Ariana Grande e a cara dela me irrita mas esse papel é meio que dela mesmo. E a Cynthia Erivo nunca errou. Ser cadela de musical é bom demais. Defying Gravity sempre esteve como uma das minhas músicas favoritas da vida (apesar de esse não ser um dos meus musicais favoritos) e ouvir/ver a cena em versão cinematográfica tirou minhas primeiras lágrimas do ano. Fora isso é uma excelente adaptação.
Juror #2 Convocado para participar do juri sobre uma moça supostamente assassinada pelo namorado, um homem de família tradicional americana está cheio de conflitos morais para debater com seus colegas e chegar numa conclusão se vão condenar o cara ou não. Apesar de ótimos nomes e uma excelente direção do véio Clint, não é tudo isso aí não. Sabe levar pro plot twist, mas tem muitos estereótipos. Um filme pra dizer que a justiça é falha e sobre hipocrisia. É bom, mas segurem a emoção.
Maria Acompanha uma cantora de ópera em seus dias finais confrontando seu passado, relacionamento, relação com a saúde e identidade. Achei chatíssimo, pretensioso e o “Maestro” do nosso oscar do ano kkkk Pode ser bonito visualmente mas chatão acompanhar uma mulher branca, magra e rica que é meio cunty bem sem graça. A atuação da Angelina também quase nunca me convence.
Nosferatu (1922) Revi esse e vou falar o que além de que é um dos filmes mais importantes pro cinema em geral além do terror? Opera milagres pra época. Tem seu valor em tudo que se propõe. Absolute cinema.